São Paulo, quinta-feira, 10 de março de 2005

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CAMINHOS DE RISCO

Estrutura da construção pode se romper; desvio para caminhões com mais de 45 toneladas é de 190 km

Ponte da Régis em SP sofre interdição parcial

VICTOR RAMOS
DA REPORTAGEM LOCAL

O Ministério dos Transportes anunciou a interdição parcial, a partir de hoje, da ponte sobre o rio São Lourencinho, no km 366 da rodovia Régis Bittencourt (BR-116), que liga São Paulo à região Sul, no trecho próximo ao município de Miracatu (a 180 km de São Paulo).
Em outras três pontes da rodovia haverá também limitação de carga em 45 toneladas.
A decisão, anunciada ontem, foi tomada após uma análise técnica realizada na ponte sobre o rio São Lourencinho apontar risco de ruptura de sua estrutura.
Anteontem a assessoria de imprensa do Ministério dos Transportes informou à Folha que seriam feitas obras e interferências no tráfego em nível nacional. No entanto, o anúncio de ontem se restringiu ao trecho da Régis Bittencourt no Estado de São Paulo, e apenas a ponte sobre o rio São Lourencinho sofrerá intervenção imediata em sua estrutura.
A velocidade sobre a ponte será limitada a 30 km/h e a carga máxima dos caminhões será 45 toneladas. Bitrens (veículos com uma carroceria acoplada a outra) estarão proibidos de circular. O período de intervenção deve durar, no mínimo, 30 dias. A conclusão das obras pode levar até 180 dias.
Para que a recuperação da estrutura seja feita, a ponte terá uma de suas duas pistas interditada. A Polícia Rodoviária Federal irá bloquear cada um dos sentidos por cerca de 30 minutos, revezando a passagem dos veículos. A PRF estima em cerca de uma hora o atraso para os motoristas em razão da operação no local.

Desvio
Em relação aos caminhões, além da restrição de peso, só poderá passar sobre a ponte um de cada vez. Os veículos mais pesados que o limite estabelecido terão que fazer um desvio de cerca de 190 quilômetros.
Nas pontes dos quilômetros 388, 382 e 531 da BR-116 também haverá limitação da carga em 45 toneladas. Essas estruturas passarão por novas avaliações técnicas e intervenções maiores podem vir a ser definidas.
A Polícia Rodoviária Federal reforçará o efetivo na região, com 20 policiais vindos dos Estados do Rio de Janeiro e de Minas Gerais, que se somarão aos 90 que operam na área. De acordo com o inspetor Evandro Bruno, da sede da PRF em Brasília, no entanto, o reforço é insuficiente. Ele afirmou que seriam necessários 240 policiais para o trecho de 300 quilômetros paulistas da rodovia.
O Ministério do Transporte vem realizando, desde 2003, um levantamento sobre o estado das obras e viadutos nas rodovias federais. Do total de 5.000 obras, segundo o governo federal, 2.500 foram vistoriadas. A queda da ponte da represa do Capivari, em janeiro deste ano, no trecho paranaense da BR-116, levou o governo a acelerar o processo.
Segundo o órgão, de todas as obras já vistoriadas, apenas a ponte sobre o rio São Lourencinho apresenta problemas emergenciais. "Foi constatado colapso estrutural, que poderia provocar um desastre", afirmou Arnaldo Marabolim, coordenador do ministério em São Paulo.
Um levantamento concluído em fevereiro deste ano pelo DNIT (Departamento Nacional de Infra-Estrutura de Transportes) abrangendo todas as rodovias federais do Brasil indicou que 40,8% dessas estradas brasileiras encontram-se em mau estado de conservação.
Isso significa que mais de 23 mil quilômetros dos 57 mil que formam a malha viária federal precisam ser refeitos. O levantamento, no entanto, não fazia referências específicas a pontes e viadutos.
As inspeções continuarão a acontecer em todo o país e novas intervenções não são descartadas pelo Ministério dos Transportes.


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