São Paulo, sexta-feira, 10 de março de 2006

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PATRIMÔNIO

Danificada em acidente, escultura foi confundida com entulho e levada a aterro por empresa contratada pela prefeitura

Obra em memória de jornalista é destruída

DA REPORTAGEM LOCAL

Uma escultura em homenagem ao jornalista Cláudio Abramo foi destruída, confundida com entulho e levada a um aterro sanitário. A peça, que tinha sido danificada por um acidente de trânsito há pouco mais de dois meses, foi recolhida na quinta anterior ao Carnaval por uma empresa terceirizada da Prefeitura de São Paulo.
Segundo uma moradora da região, a escultura foi quebrada em pequenos fragmentos pela empresa prestadora de serviços para facilitar o transporte até o aterro. De acordo com ela, os funcionários afirmaram que recolhiam pedras soltas. "Fiquei indignada."
A obra do artista Domenico Calabrone era catalogada pelo DPH (Departamento do Patrimônio Histórico) de São Paulo. A família de Abramo pedirá explicações à administração municipal.
O incidente aconteceu na praça que leva o nome do jornalista, no Jardim Europa (zona oeste de São Paulo). A escultura era composta por duas rochas sobrepostas e estava na área verde desde 1988, um ano depois da morte de Abramo.
"Procurarei a prefeitura para saber o que pode ser feito", diz Claudio Weber Abramo, filho do jornalista e diretor-executivo da ONG Transparência Brasil. Sua irmã, a jornalista e artista gráfica Berenice Abramo, espera que o incidente "sirva de lição para que não aconteça em outras áreas" e que seja um alerta para poder público e população terem "mais cuidado com o patrimônio". O jornalista Cláudio Abramo (1923-1987) foi diretor de Redação da Folha e secretário de Redação do jornal "O Estado de S.Paulo".
A Subprefeitura de Pinheiros, responsável pela região, diz ter sido alertada do caso na última segunda, através de uma denúncia de uma moradora, enviada eletronicamente no dia 23 de fevereiro. A assessoria do órgão disse que recolher entulho das ruas é uma tarefa rotineira da empresa terceirizada pela subprefeitura. Só soube que o "monte de pedras" recolhido pelos funcionários era o monumento em homenagem a Abramo depois da denúncia da moradora. Não foram tomadas providências antes, de acordo com a assessoria, por causa do feriado prolongado de Carnaval.
Já o empresário João Dória Júnior, que mora em frente à praça e tem um acordo com a prefeitura para conservá-la, afirma ter pedido o reparo logo após o acidente de trânsito, sem sucesso.

Outra obra
Cerca de dois meses antes do incidente, Dória Júnior instalou na área verde, sem uma autorização do município, uma escultura feita por sua mulher. A obra de arte foi retirada na tarde de ontem por ordem do próprio empresário.
A prefeitura disse que enviará uma carta a Dória Júnior para pedir explicações e que não prorrogará o termo de cooperação de manutenção da praça -que vence no próximo dia 19.


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