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PATRIMÔNIO
Danificada em acidente, escultura foi confundida com entulho e levada a aterro por empresa contratada pela prefeitura
Obra em memória de jornalista é destruída
DA REPORTAGEM LOCAL
Uma escultura em homenagem
ao jornalista Cláudio Abramo foi
destruída, confundida com entulho e levada a um aterro sanitário.
A peça, que tinha sido danificada
por um acidente de trânsito há
pouco mais de dois meses, foi recolhida na quinta anterior ao Carnaval por uma empresa terceirizada da Prefeitura de São Paulo.
Segundo uma moradora da região, a escultura foi quebrada em
pequenos fragmentos pela empresa prestadora de serviços para
facilitar o transporte até o aterro.
De acordo com ela, os funcionários afirmaram que recolhiam pedras soltas. "Fiquei indignada."
A obra do artista Domenico Calabrone era catalogada pelo DPH
(Departamento do Patrimônio
Histórico) de São Paulo. A família
de Abramo pedirá explicações à
administração municipal.
O incidente aconteceu na praça
que leva o nome do jornalista, no
Jardim Europa (zona oeste de São
Paulo). A escultura era composta
por duas rochas sobrepostas e estava na área verde desde 1988, um
ano depois da morte de Abramo.
"Procurarei a prefeitura para saber o que pode ser feito", diz Claudio Weber Abramo, filho do jornalista e diretor-executivo da
ONG Transparência Brasil. Sua
irmã, a jornalista e artista gráfica
Berenice Abramo, espera que o
incidente "sirva de lição para que
não aconteça em outras áreas" e
que seja um alerta para poder público e população terem "mais
cuidado com o patrimônio". O
jornalista Cláudio Abramo (1923-1987) foi diretor de Redação da
Folha e secretário de Redação do
jornal "O Estado de S.Paulo".
A Subprefeitura de Pinheiros,
responsável pela região, diz ter sido alertada do caso na última segunda, através de uma denúncia
de uma moradora, enviada eletronicamente no dia 23 de fevereiro. A assessoria do órgão disse
que recolher entulho das ruas é
uma tarefa rotineira da empresa
terceirizada pela subprefeitura. Só
soube que o "monte de pedras"
recolhido pelos funcionários era o
monumento em homenagem a
Abramo depois da denúncia da
moradora. Não foram tomadas
providências antes, de acordo
com a assessoria, por causa do feriado prolongado de Carnaval.
Já o empresário João Dória Júnior, que mora em frente à praça e
tem um acordo com a prefeitura
para conservá-la, afirma ter pedido o reparo logo após o acidente
de trânsito, sem sucesso.
Outra obra
Cerca de dois meses antes do incidente, Dória Júnior instalou na
área verde, sem uma autorização
do município, uma escultura feita
por sua mulher. A obra de arte foi
retirada na tarde de ontem por ordem do próprio empresário.
A prefeitura disse que enviará
uma carta a Dória Júnior para pedir explicações e que não prorrogará o termo de cooperação de
manutenção da praça -que vence no próximo dia 19.
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