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9 somem após barco de turistas afundar
Acidente ocorreu no Pantanal mato-grossense ontem de madrugada; embarcação estava com 12 turistas e dez tripulantes
Grupo era formado por
empresários, professores,
dentista e servidor público;
o local do naufrágio é
"infestado" de piranhas
DA AGÊNCIA FOLHA, EM CUIABÁ
DA AGÊNCIA FOLHA
Uma embarcação com 12 turistas e dez tripulantes a bordo
naufragou ontem pela manhã,
no rio Cuiabá, no município de
Poconé (a 104 quilômetros de
Cuiabá), no Pantanal mato-grossense. Nove pessoas -sete
turistas e dois tripulantes- estavam desaparecidas até o início da noite de ontem, quando
as buscas foram suspensas.
De acordo com o Corpo de
Bombeiros de Mato Grosso, o
acidente aconteceu por volta
das 4h, uma hora e meia depois
de a chalana, barco que tem
quartos e estrutura de hotel,
iniciar o percurso, em uma fazenda próxima ao Sesc Pantanal, numa localidade conhecida
como Porto Cercado.
O local do naufrágio é, segundo o coronel Arilton Azevedo,
comandante dos Bombeiros
em Mato Grosso, "infestado"
por cardumes de piranhas.
A viagem foi organizada por
associados da AABB (Associação Atlética Banco do Brasil) da
capital mato-grossense.
O grupo era formado por um
funcionário do Banco do Brasil
em Cuiabá, empresários, professores universitários e um
dentista. Mas, até o início da
noite de ontem, os nomes dos
sobreviventes e dos nove desaparecidos não haviam sido confirmados.
Chuva
A embarcação, batizada de
Semi Tôa Tôa, pertencia a um
empresário da região, cuja fazenda fica em frente ao Sesc
Pantanal. Segundo o gerente do
Sesc, Marcos Kran, chovia na
hora do acidente.
De acordo com a Capitania
dos Portos de Mato Grosso, os
documentos da embarcação estavam regularizados.
Os sobreviventes, que conseguiram nadar até a borda -o
rio tem aproximadamente 150
metros de largura-, pediram
ajuda a moradores da região.
Por volta das 12h, três dos sobreviventes foram até a fazenda São Miguel, à beira do rio, e
pediram para usar o telefone.
Segundo Neuza Alves Ferreira, 39, empregada da propriedade, um dos sobreviventes estava "transtornado". "Ele chorava muito. Disse que tentou
ajudar um amigo a se salvar,
mas ele tinha escapado [levado
pela correnteza]."
Ainda segundo Ferreira, pela
manhã funcionários da Semi
Tôa Tôa percorreram as propriedades próximas ao acidente pedindo ajuda à vizinhança,
caso vissem sinais de possíveis
sobreviventes.
Ela conta que não é comum
ocorrer naufrágios como esse
no local. Ferreira afirmou se
lembrar apenas de um acidente
com uma embarcação da Marinha, por volta dos anos 70, que
levaria vacinas para a população ribeirinha.
Águas turvas
A chalana foi localizada pelos
bombeiros, por volta das 7h, a
seis metros de profundidade do
rio Cuiabá, em um trecho de
águas muito turvas e de forte
correnteza.
Restos da embarcação foram
estabilizados, sinalizados e seriam içados hoje a um ponto
mais raso, perto da margem.
Uma equipe de quatro mergulhadores e dois oficiais do
Corpo de Bombeiros foi deslocada para o local em um helicóptero da Ciopaer (Coordenadoria Integrada de Operações
Aéreas) para realizar as primeiras buscas.
No local havia também uma
outra equipe, que se deslocou
até lá por barco, para realizar
buscas por terra e água.
"Nossa preocupação, agora, é
localizar e retirar os corpos o
mais rápido possível", disse o
comandante dos Bombeiros.
Segundo o coronel, acidentes
como o de ontem não são comuns na região. "Não tenho notícia de nada parecido em dez
anos."
(MATHEUS PICHONELLI, FELIPE BÄCHTOLD E RODRIGO VARGAS)
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