São Paulo, segunda-feira, 10 de março de 2008

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9 somem após barco de turistas afundar

Acidente ocorreu no Pantanal mato-grossense ontem de madrugada; embarcação estava com 12 turistas e dez tripulantes

Grupo era formado por empresários, professores, dentista e servidor público; o local do naufrágio é "infestado" de piranhas

DA AGÊNCIA FOLHA, EM CUIABÁ
DA AGÊNCIA FOLHA

Uma embarcação com 12 turistas e dez tripulantes a bordo naufragou ontem pela manhã, no rio Cuiabá, no município de Poconé (a 104 quilômetros de Cuiabá), no Pantanal mato-grossense. Nove pessoas -sete turistas e dois tripulantes- estavam desaparecidas até o início da noite de ontem, quando as buscas foram suspensas.
De acordo com o Corpo de Bombeiros de Mato Grosso, o acidente aconteceu por volta das 4h, uma hora e meia depois de a chalana, barco que tem quartos e estrutura de hotel, iniciar o percurso, em uma fazenda próxima ao Sesc Pantanal, numa localidade conhecida como Porto Cercado.
O local do naufrágio é, segundo o coronel Arilton Azevedo, comandante dos Bombeiros em Mato Grosso, "infestado" por cardumes de piranhas.
A viagem foi organizada por associados da AABB (Associação Atlética Banco do Brasil) da capital mato-grossense.
O grupo era formado por um funcionário do Banco do Brasil em Cuiabá, empresários, professores universitários e um dentista. Mas, até o início da noite de ontem, os nomes dos sobreviventes e dos nove desaparecidos não haviam sido confirmados.

Chuva
A embarcação, batizada de Semi Tôa Tôa, pertencia a um empresário da região, cuja fazenda fica em frente ao Sesc Pantanal. Segundo o gerente do Sesc, Marcos Kran, chovia na hora do acidente.
De acordo com a Capitania dos Portos de Mato Grosso, os documentos da embarcação estavam regularizados.
Os sobreviventes, que conseguiram nadar até a borda -o rio tem aproximadamente 150 metros de largura-, pediram ajuda a moradores da região.
Por volta das 12h, três dos sobreviventes foram até a fazenda São Miguel, à beira do rio, e pediram para usar o telefone.
Segundo Neuza Alves Ferreira, 39, empregada da propriedade, um dos sobreviventes estava "transtornado". "Ele chorava muito. Disse que tentou ajudar um amigo a se salvar, mas ele tinha escapado [levado pela correnteza]."
Ainda segundo Ferreira, pela manhã funcionários da Semi Tôa Tôa percorreram as propriedades próximas ao acidente pedindo ajuda à vizinhança, caso vissem sinais de possíveis sobreviventes.
Ela conta que não é comum ocorrer naufrágios como esse no local. Ferreira afirmou se lembrar apenas de um acidente com uma embarcação da Marinha, por volta dos anos 70, que levaria vacinas para a população ribeirinha.

Águas turvas
A chalana foi localizada pelos bombeiros, por volta das 7h, a seis metros de profundidade do rio Cuiabá, em um trecho de águas muito turvas e de forte correnteza.
Restos da embarcação foram estabilizados, sinalizados e seriam içados hoje a um ponto mais raso, perto da margem.
Uma equipe de quatro mergulhadores e dois oficiais do Corpo de Bombeiros foi deslocada para o local em um helicóptero da Ciopaer (Coordenadoria Integrada de Operações Aéreas) para realizar as primeiras buscas.
No local havia também uma outra equipe, que se deslocou até lá por barco, para realizar buscas por terra e água.
"Nossa preocupação, agora, é localizar e retirar os corpos o mais rápido possível", disse o comandante dos Bombeiros. Segundo o coronel, acidentes como o de ontem não são comuns na região. "Não tenho notícia de nada parecido em dez anos." (MATHEUS PICHONELLI, FELIPE BÄCHTOLD E RODRIGO VARGAS)


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