São Paulo, terça-feira, 10 de março de 2009

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Ladrões invadem quartel e roubam fuzis

Grupo rendeu militares em Caçapava e fugiu com sete armas; é o segundo roubo de armamento em cinco dias em SP

Comando do Exército diz que vai apurar como os bandidos tiveram acesso ao prédio; um militar foi ferido durante o assalto

ROGÉRIO PAGNAN
DA REPORTAGEM LOCAL

Um grupo armado invadiu na noite de anteontem um quartel do Exército em Caçapava (116 km de SP), rendeu os militares que faziam a segurança das instalações e roubou sete fuzis -armas usadas para atacar veículos blindados, como carros-fortes, e para proteção e ataque de áreas nas disputas entre traficantes, sobretudo no Rio.
Esse foi o segundo roubo de armas de grande poder letal em menos de uma semana em São Paulo. O governo de São Paulo colocou as polícias Militar e Civil para ajudar o Exército a localizar suspeitos do roubo. Segundo nota do Comando do Exército, após um "breve confronto" com assaltantes, um dos militares ficou ferido, mas ele não corre risco de morte. Ninguém havia sido preso e nenhuma arma foi recuperada até a conclusão desta edição.
Pelo menos cinco assaltantes participaram do roubo, segundo a Polícia Civil de Caçapava. Armados de pistolas e revólveres, eles renderam um sentinela que fazia a ronda. Depois, seguiram para uma área usada para descanso dos soldados e renderam outros seis. Um dos militares foi agredido com uma coronhada na cabeça.
O depósito de armas do local, segundo o Comando Militar do Sudeste, não chegou a ser invadido pelos criminosos. O Exército não quis comentar as condições de segurança do quartel de Caçapava.
O Exército informou que vai apurar como os bandidos tiveram acesso ao prédio. Uma das possibilidades é que eles tenham entrado pelos fundos do quartel, onde a proteção da área é feita por uma cerca de arame farpado com menos de um metro de altura.
Como se trata de crime militar, as investigações são conduzidas pelo próprio Exército. De acordo com um coronel ouvido pela Folha, a investigação será "rigorosa e profunda" para tentar identificar os envolvidos. O ataque foi considerado uma afronta por se tratar de uma unidade importante "de maneira indelével na história militar do Brasil" por sua atuação em guerras e revoluções

Alerta
Outros 22 fuzis também haviam sido levados de um centro de treinamento em Ribeirão Pires, na Grande São Paulo, na última quinta-feira. Na ocasião, os criminosos também levaram 89 pistolas. Esse centro roubado na semana passada, o CTT (Centro de Treinamento Tático), pertence a um policial civil de São Paulo e é utilizado pelos órgãos de segurança para treinamento. Além disso, fica dentro do terreno da maior fabricante de munição do país, a CBC. O Comando Militar disse que é cedo para saber se há ligação entre os dois casos, mas, por precaução, foi dado um alerta para que a atenção seja redobrada no Estado. De acordo com o coronel, esses casos são considerados extremamente raros e devem ser respondidos exemplarmente. Segundo ele, o último deles ocorreu em 2006, no Rio de Janeiro, quando bandidos armados levaram dez fuzis e uma pistola de um quartel em São Cristóvão (zona norte do Rio). Em resposta ao roubo, o Exército montou uma megaoperação com mais de 1.200 homens para recuperar as armas. A ação durou mais de dez dias. A Secretaria da Segurança Pública de São Paulo informou que ainda não conseguiu prender nenhum suspeito do roubo em Ribeirão Pires. A pasta informou ainda que o secretário Ronaldo Marzagão está acompanhando pessoalmente o assunto, pela "grande preocupação" causada pelos acontecimentos.


Colaboraram MARIO CESAR CARVALHO , da Reportagem Local, e ALINE MAZZO , do "Agora"

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