|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Lula dirá a Obama que cabe à Justiça definir disputa por menino
Presidentes vão se encontrar em Washington no sábado; simpatizantes do pai do garoto planejam manifestação
Governo brasileiro não acredita que Obama toque no tema da disputa pela guarda de garoto entre pai americano e padrasto brasileiro
LETÍCIA SANDER
KENNEDY ALENCAR
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
DENISE MENCHEN
DA SUCURSAL DO RIO
Se o presidente dos Estados
Unidos, Barack Obama, abordar a disputa pela guarda de um
menino de oito anos, filho do
americano David Goldman, na
conversa com Luiz Inácio Lula
da Silva, o brasileiro dirá que se
trata de assunto a ser resolvido
pela Justiça.
Lula e Obama se encontrarão
em Washington no sábado. Segundo Marco Aurélio Garcia,
assessor da Presidência para
assuntos internacionais, o governo brasileiro não acredita
que Obama toque no tema.
Garcia diz que, se tocar, ouvirá
que é um "tema controverso,
que será decidido pela Justiça".
O caso adquiriu repercussão
na imprensa americana e é tratado como fator de estresse diplomático com o Brasil. Simpatizantes do pai do garoto planejam receber Lula com uma manifestação em Washington. Antes do Carnaval, o ministro Celso Amorim (Relações Exteriores) ouviu apelos da secretária
de Estado americana, Hillary
Clinton, sobre o caso, durante
visita a Washington.
Goldman teve um filho com a
brasileira Bruna Bianchi em
2000, em Nova Jersey. O pai
diz que, em 2004, ela levou o
menino para o Brasil de férias.
Já no país, avisou que queria o
divórcio e manteria o filho no
Rio. Em 2008, a brasileira morreu no parto de sua filha com o
segundo marido, o advogado
João Paulo Lins e Silva. Hoje, o
padrasto e o pai biológico travam uma disputa judicial sobre
a guarda do menino. O caso tramita na Justiça federal.
Nos bastidores, a avaliação
do governo é que a Justiça brasileira acabará por dar a guarda
da criança ao pai biológico.
Amantes
A advogada de Goldman, Patricia Apy, de Nova Jersey, acusa Bruna de omitir da Justiça o
relacionamento com Lins e Silva. Na avaliação dela, esse fato
pode ter influenciado o processo. A informação, diz, foi "estrategicamente mantida em segredo" pelo casal.
As declarações foram publicadas num site americano que
apoia o retorno do menino para
os EUA em resposta a uma carta escrita por Lins e Silva. O
texto do brasileiro, que seria
enviado ao Conanda (Conselho
Nacional dos Direitos da Criança e do Adolescente), foi publicado na semana passada pelo
jornal "O Estado de S. Paulo".
"Uma leitura cuidadosa da
carta indica que o senhor Lins e
Silva disse que o garoto estava
sob seus cuidados desde janeiro de 2005. Depois ele admite
que foi morar com Bruna menos de seis meses depois de
reencontrá-la", diz Apy, que
concluiu que o advogado já estava envolvido com Bruna em
meados do ano anterior, quando ela veio ao Brasil com o filho.
"O fato de que a senhora
Goldman tinha ido morar com
seu amante, e que a criança era
encorajada a se referir a ele como pai, (...) foi estrategicamente mantido em segredo dos juízes que cuidavam do caso tanto
no Brasil quando nos EUA."
O advogado de Lins e Silva
contesta a informação, que, segundo ele, resulta de um "erro
de interpretação". Carlos
Eduardo Martins diz que o casal, que já se conhecia de vista
da época da faculdade, reencontrou-se em janeiro ou fevereiro de 2005. O namoro, diz,
começou em abril do mesmo
ano, e, seis meses depois, os
dois passaram a morar juntos.
Na carta que enviaria ao Conanda, Lins e Silva disse que o
americano "sentiu o cheiro do
dinheiro" com a morte de Bruna e, por isso, está tão interessado na guarda do filho.
Texto Anterior: Secretário muda versão sobre investigador Próximo Texto: Frase Índice
|