São Paulo, terça-feira, 10 de março de 2009

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Lula dirá a Obama que cabe à Justiça definir disputa por menino

Presidentes vão se encontrar em Washington no sábado; simpatizantes do pai do garoto planejam manifestação

Governo brasileiro não acredita que Obama toque no tema da disputa pela guarda de garoto entre pai americano e padrasto brasileiro

LETÍCIA SANDER
KENNEDY ALENCAR
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
DENISE MENCHEN
DA SUCURSAL DO RIO

Se o presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, abordar a disputa pela guarda de um menino de oito anos, filho do americano David Goldman, na conversa com Luiz Inácio Lula da Silva, o brasileiro dirá que se trata de assunto a ser resolvido pela Justiça.
Lula e Obama se encontrarão em Washington no sábado. Segundo Marco Aurélio Garcia, assessor da Presidência para assuntos internacionais, o governo brasileiro não acredita que Obama toque no tema. Garcia diz que, se tocar, ouvirá que é um "tema controverso, que será decidido pela Justiça".
O caso adquiriu repercussão na imprensa americana e é tratado como fator de estresse diplomático com o Brasil. Simpatizantes do pai do garoto planejam receber Lula com uma manifestação em Washington. Antes do Carnaval, o ministro Celso Amorim (Relações Exteriores) ouviu apelos da secretária de Estado americana, Hillary Clinton, sobre o caso, durante visita a Washington.
Goldman teve um filho com a brasileira Bruna Bianchi em 2000, em Nova Jersey. O pai diz que, em 2004, ela levou o menino para o Brasil de férias. Já no país, avisou que queria o divórcio e manteria o filho no Rio. Em 2008, a brasileira morreu no parto de sua filha com o segundo marido, o advogado João Paulo Lins e Silva. Hoje, o padrasto e o pai biológico travam uma disputa judicial sobre a guarda do menino. O caso tramita na Justiça federal.
Nos bastidores, a avaliação do governo é que a Justiça brasileira acabará por dar a guarda da criança ao pai biológico.

Amantes
A advogada de Goldman, Patricia Apy, de Nova Jersey, acusa Bruna de omitir da Justiça o relacionamento com Lins e Silva. Na avaliação dela, esse fato pode ter influenciado o processo. A informação, diz, foi "estrategicamente mantida em segredo" pelo casal.
As declarações foram publicadas num site americano que apoia o retorno do menino para os EUA em resposta a uma carta escrita por Lins e Silva. O texto do brasileiro, que seria enviado ao Conanda (Conselho Nacional dos Direitos da Criança e do Adolescente), foi publicado na semana passada pelo jornal "O Estado de S. Paulo".
"Uma leitura cuidadosa da carta indica que o senhor Lins e Silva disse que o garoto estava sob seus cuidados desde janeiro de 2005. Depois ele admite que foi morar com Bruna menos de seis meses depois de reencontrá-la", diz Apy, que concluiu que o advogado já estava envolvido com Bruna em meados do ano anterior, quando ela veio ao Brasil com o filho.
"O fato de que a senhora Goldman tinha ido morar com seu amante, e que a criança era encorajada a se referir a ele como pai, (...) foi estrategicamente mantido em segredo dos juízes que cuidavam do caso tanto no Brasil quando nos EUA."
O advogado de Lins e Silva contesta a informação, que, segundo ele, resulta de um "erro de interpretação". Carlos Eduardo Martins diz que o casal, que já se conhecia de vista da época da faculdade, reencontrou-se em janeiro ou fevereiro de 2005. O namoro, diz, começou em abril do mesmo ano, e, seis meses depois, os dois passaram a morar juntos.
Na carta que enviaria ao Conanda, Lins e Silva disse que o americano "sentiu o cheiro do dinheiro" com a morte de Bruna e, por isso, está tão interessado na guarda do filho.


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