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8 em 10 fumantes citam problema de saúde
Estudo realizado pela Universidade de Waterloo (Canadá) entrevistou 1.826 pessoas no Brasil, dos quais 1.215 fumantes
Levantamento mostrou ainda que nove em cada dez entrevistados fumantes dizem estar preocupados com a própria saúde
RICARDO WESTIN
DA REPORTAGEM LOCAL
De cada dez fumantes brasileiros, oito afirmam que já sofreram de algum problema de
saúde relacionado ao cigarro. E
nove dizem estar preocupados
com a própria saúde.
Esses números estão no estudo ITC Project, realizado pela
Universidade de Waterloo, no
Canadá, em 19 países no ano
passado. No Brasil, foram entrevistadas 1.826 pessoas (sendo 1.215 fumantes) de São Paulo, Rio e Porto Alegre.
O objetivo dessa pesquisa,
ainda a primeira de uma série, é
verificar os impactos das medidas tomadas pelos governos
contra o tabagismo.
No Brasil, os maços de cigarro estão obrigados a conter avisos sobre os riscos à saúde, a indústria do tabaco é proibida de
fazer propaganda e os impostos
sobre os cigarros ficaram mais
pesados, por exemplo.
No Estado de São Paulo, o fumo não é permitido em nenhum lugar público fechado,
nem sequer em fumódromos. O
Ministério da Saúde tenta
aprovar no Congresso uma lei
semelhante para todo o país.
Para Tânia Cavalcante, do
Inca (Instituto Nacional de
Câncer), que é ligado ao Ministério da Saúde, o fato de os fumantes relacionarem eventuais doenças ao tabagismo
mostra que as advertências nos
maços têm surtido efeito.
A médica Jaqueline Issa, que
trabalha com pacientes do InCor (Instituto do Coração) que
precisam parar de fumar por
causa de doenças cardíacas,
concorda. "Pesquisas mostram
que, quando sentem dor no peito, os fumantes chegam mais
rápido ao pronto-socorro que o
não-fumante com o mesmo
sintoma. Eles têm consciência
[dos riscos do cigarro]", diz.
O tabagismo é considerado
uma doença capaz originar outras cinco dezenas de males, como rinite, bronquite, pneumonia, osteoporose, impotência
sexual, câncer, infarto e AVC
(acidente vascular cerebral).
Entre 1989 e 2008, segundo o
IBGE, os fumantes no Brasil
caíram de 33% para 17% da população acima de 15 anos. Hoje
cerca de 24 milhões fumam.
O estudo ITC Project mostrou ainda que metade dos fumantes brasileiros pretende
parar de fumar nos seis meses
seguintes. "Agora precisamos
apoiar esses fumantes", diz Cavalcante. "A assistência para
quem depende do SUS [Sistema Único de Saúde] é muito
restrita. É difícil conseguir
atendimento gratuito", acrescenta Issa.
Para 82% dos fumantes entrevistados, o governo deveria
fazer mais para ajudá-los a superar o vício.
O Ministério da Saúde envia
remédios à base de nicotina
(adesivos, gomas e pastilhas) e
antidepressivos para as prefeituras preparadas para atender
aos fumantes na rede pública.
O governo federal pretende
gastar R$ 66 milhões para ampliar o programa dos atuais 358
municípios para 1.240 até o final deste ano.
"É uma doença que muda o
funcionamento do cérebro",
explica Issa, do InCor. "A abstinência é terrível. Já vi paciente
que tinha falta de ar e mesmo
assim fumava. O suporte é fundamental para ajudar as pessoas a enfrentarem a dependência."
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