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REDE DE CORRUPÇÃO
Pedro Saul confessa à polícia que recebia da Enterpa para ignorar irregularidades na coleta e varrição de lixo
Regional diz que pegava propina em empresa
da Reportagem Local
O engenheiro
Pedro Antônio
Saul, 49, confessou à polícia que
recebia propina
das mãos de um
funcionário da
Enterpa Ambiental para ignorar as irregularidades praticadas pela empresa nacoleta e varrição de lixo na área da
Administração Regional da Penha.
Ele procurou a polícia após ter lido na Folha que testemunhas haviam confirmado a existência de
um esquema de corrupção envolvendo engenheiros da Supervisão
de Serviços Públicos da Penha e
funcionários da Enterpa.
De março de 97 até a última sexta, Saul respondeu pelos Serviços
Públicos, departamento responsável, entre outras coisas, pela fiscalização da limpeza.
Em seu depoimento, Saul disse
que ficava com 30% da propina e
repassava 70% para o administrador regional -primeiro Oswaldo
Morgado da Cruz e, depois, Paulo
Roberto Tirolli. O regional, por sua
vez, mantinha 20% e repassava
50% ao vereador Viscome.
Saul foi nomeado administrador
regional da Penha na sexta-feira,
quando o ex-regional Paulo Roberto Tirolli foi indiciado por prevaricação (ele admitiu ter conhecimento do esquema de corrupção.
Ontem, após confessar que participava da rede e ser indiciado sob
acusação de corrupção e formação
de quadrilha, ele foi afastado pelo
Secretário das Administrações Regionais, Domingos Dissei.
Saul afirmou à polícia que controlava a data que a Enterpa recebia da prefeitura através do SEO
(Serviço de Execuções Orçamentárias), sistema informatizado acessível aos órgãos municipais.
Após o pagamento, ele sabia que
em cerca de três dias receberia a ligação de um gerente da empresa
que o avisava quando o dinheiro
estaria disponível.
Na empresa, Saul pegava o dinheiro -sempre em dólares. O
montante, segundo Saul, correspondia a 2% do que a Enterpa recebia mensalmente pela limpeza da
Penha.Em 98, de acordo com o
SEO, a prefeitura gastou R$ 26,3
milhões com coleta e varrição da
região -R$ 2,2 milhões por mês.
Por essas depesas, a propina mensal seria de R$ 44 mil.
Cada um dos beneficiados, dava
"caixinha" a seus subordinados.
Pelo acordo, os fiscais faziam constar nas planilhas de varrição que a
empresa estava trabalhando com o
número de funcionários determinado em contrato e varrendo a
área prevista. As planilhas eram
assinadas por Saul.
"Eu assinava as medições sem
questionar as planilhas. Como a
empresa varria menos e tinha menos funcionários do que deveria,
isso causava gasto maior para a
SAR e economia para a Enterpa,
que dividia o lucro com a gente."
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