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SAÚDE
Apenas dois Estados têm índice conforme ao recomendado
Diminui número de partos por cesariana feitos na rede pública
DANIELA FALCÃO
da Sucursal de Brasília
O índice de cesáreas no Brasil
caiu 12,5% de 97 para 98. É a primeira vez na década que o país registra queda significativa. Dos 2,5
milhões de partos feitos no país em
98, 28,7% foram cesáreas. Em 97, o
índice havia sido de 32,5%.
Apenas dois Estados -Amapá e
Sergipe- têm índice de cesáreas
dentro do limite aceitável pela
OMS (Organização Mundial da
Saúde), que é de 15%.
Segundo a OMS, as cesáreas trazem mais riscos para a gestante e
para o bebê e só devem ser feitas
quando não for possível optar pelo
parto normal.
Estudo realizado pela Opas (Organização Pan-Americana da Saúde) em 11 países sul-americanos
concluiu que a cesárea traz risco de
morte materna até sete vezes
maior do que o parto normal, por
aumentar o risco de infecções.
O bebê também tem mais chances de ter problemas de saúde. O
risco de nascer prematuro é maior
e há mais chances de apresentar
problemas respiratórios.
A principal razão da queda no
número de cesáreas foram as medidas tomadas pelo Ministério da
Saúde em maio para incentivar a
realização de partos normais.
O valor pago aos hospitais da rede pública pela realização do parto
normal assistido por médico recebeu aumento de 66,5%, passando
de R$ 114,23 para R$ 190,19.
Já as cesáreas tiveram um reajuste menor (50,8%), indo de R$
194,79 para R$ 293,84.
Além disso, o Ministério da Saúde passou a pagar pela anestesia
peridural nos partos normais.
Segundo o Unicef (Fundo das
Nações Unidas para a Infância), os
altos índices de cesáreas no Brasil
têm dois motivos: o baixo valor pago pelo parto normal na rede pública até maio passado e a noção
equivocada de que a cesárea é menos traumática para a mãe.
Campeões
Mato Grosso do Sul é o campeão:
41% dos partos realizados no Estado foram cesáreas. A vice-liderança é do vizinho Mato Grosso, com
39,2% de cesarianas. Em terceiro
lugar, aparece outro Estado do
Centro-Oeste: Goiás, com 38,7%.
Paraná e São Paulo e Rio de Janeiro também tiveram índices de
cesáreas acima de 35%. Já os Estados no Norte e Nordeste têm índices menores (veja quadro).
Segundo Nelson Cardoso, da
Coordenação de Saúde da Mulher
do Ministério da Saúde, os Estados
do Sudeste e Centro-Oeste fazem
mais cesáreas porque os hospitais
são mais bem equipados.
"As pesquisas mostram que a
maior incidência de cesáreas é em
mulheres de maior escolaridade e
melhor condição financeira, o que
é lamentável", diz Carolina Sui.
Para o chefe do Departamento de
Obstetrícia do HC da USP, Marcelo Zugaib, a realização de cesáreas
hoje é mais responsabilidade dos
médicos do que das gestantes.
Segundo Zugaib, os médicos que
acumulam vários empregos escolhem a cesariana por ter curta duração e poder ser programada.
Zugaib afirma ainda que para
um país como o Brasil seria aceitável que até 20%.
Entre as razões apontadas pelo
médico para a realização de uma
cesárea é a gestante já ter passado
por outras duas cirurgias semelhantes anteriormente.
"É um círculo vicioso. Encontramos muitas mulheres que já fizeram cesárea e por isso temos de repetir o procedimento. Essa é a razão mais comum para a cesárea
hoje no HC, quando deveria ser a
menos frequente."
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