MARCELO OLIVEIRA
da Reportagem Local

Dois homens armados tentaram sequestrar os três filhos menores do empresário Jorge Paulo Lemann, na rua Seridó, zona sudoeste de São Paulo. Eles estavam sendo levados de carro para a escola, no Morumbi, às 8h de ontem.
O sequestro foi evitado pelo motorista e caseiro da família, José Aureliano dos Santos, 37, que foi ferido no braço direito por um dos tiros disparados -foram pelo menos 12- contra o Passat blindado de Lemann.
As crianças, Marc, 7, Lara, 6, e Kim, 3, nada sofreram. Mas a família, chocada, decidiu viajar para fora do país.
Ex-dono do Banco Garantia, Lemann atualmente é um dos proprietários da cervejaria Brahma e investe também em outros setores.

Desvios
O motorista José Aureliano dos Santos contou à polícia que, a pedido do investidor, procurava sempre fazer caminhos diferentes entre a casa da família e a escola das crianças.
Ontem, devido ao trânsito lento na avenida Cidade Jardim (zona sudoeste), Santos tomou um desvio pela rua Tucumã e entrou na rua Seridó, de onde seguiria rumo à marginal Pinheiros.
Próximo da esquina com a rua Artur Ramos, um Tempra preto parou à frente do Passat e dois homens bem vestidos, armados com pistolas semi-automáticas, desceram do carro e mandaram Santos abrir a porta.
O motorista não obedeceu a ordem porque o carro é blindado e acionou a marcha à ré e a sirene do blindado, mas não conseguiu prosseguir porque bateu na camionete "colada" atrás.
Posicionados de cada lado do Passat, os desconhecidos atiraram contra o carro, enquanto o motorista tentava fugir. Os vidros dianteiros, atingidos várias vezes, foram perfurados por pelo menos um disparo cada.
Enquanto os ladrões atiravam, Santos conseguiu desviar da camionete, sair de ré e fugir.
"As crianças gritavam muito e fiquei desesperado porque também sou pai e tenho filhos. Fiquei pensando neles", disse Santos.
Os desconhecidos desistiram, voltaram ao Tempra e fugiram rumo à marginal Pinheiros.
Segundo o delegado Orlando Basílio Ivanov, titular do 15º DP (Itaim Bibi), que apura o crime, a camionete pode estar envolvida no episódio, já que o proprietário não apresentou queixa da batida ou testemunhou sobre os tiros.
O motorista aprendeu as técnicas empregadas na fuga em um curso de direção defensiva de um mês, pago por Lemann, que havia blindado o carro em 96 e recomendava cuidado ao motorista.