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SEGURANÇA
Suposto ex-agente da DEA tem ficha criminal
Polícia afirma que testemunha mente ao narrar atentado em SP
SÍLVIA CORRÊA
DA REPORTAGEM LOCAL
Um paulista de 31 anos disse em
depoimento a um delegado da PF
e a um procurador da República
que foi alvo de um atentado após
se recusar a cumprir uma missão
da DEA (departamento norte-americano de combate às drogas). A missão: matar o traficante
Luiz Fernando da Costa, o Fernandinho Beira-Mar.
A testemunha em questão chama-se Maurício William Vilela.
Ontem, a Secretaria da Segurança
Pública de São Paulo convocou os
jornalistas para sustentar que o cidadão é um golpista.
As denúncias feitas por Vilela
vieram à tona por intermédio do
senador Eduardo Suplicy (PT-SP), integrante de uma comissão
mista que investiga as ações de
agências de inteligência no país.
Há duas semanas, Vilela depôs
pela primeira vez. Na ocasião, ele
narrou ter levado dois tiros pelas
costas, no Jaçanã (zona norte de
São Paulo), em 14 de dezembro de
2002, após se recusar a ajudar a
matar Beira-Mar, entregando
US$ 20 mil e dois tubos com bactérias a dois policiais militares do
Rio. Os PMs misturariam a substância à comida do traficante, que
morreria em 30 dias, de infecção
generalizada.
Após os tiros, o homem diz ter
sido socorrido a um hospital no
Jaçanã, do qual, afirma, fugiu de
medo, levando sua ficha médica.
A Polícia Civil afirma que toda a
história é mentirosa. Na terça passada, policiais de Itapetininga
(163 km de São Paulo) localizaram um Clio prata abandonado
havia 15 dias numa rua da cidade.
"Chegamos ao local e constatamos que o carro, placas GWF-8421, de Sete Barras (MG), tinha
queixa de furto", narrou o delegado Alexandre César Costa Viana,
titular da DIG. No carro estavam
documentos de Vilela -entre
eles, textos que o identificam como diretor da ONU e o contrato
social de uma agência de turismo.
Enquanto trabalhava na agência, Vilela foi denunciado por estelionato (por clientes) e por furto
(pela dona da agência), pois teria
sumido com computador, som,
quadros e até geladeira da firma.
Na ficha criminal de Vilela aparecem acusações desde 1992, sempre na região de Itapetininga.
Além de estelionato e furto, a lista
inclui desacato, corrupção de testemunha, sumiço de documento,
lesões e roubo -crime pelo qual
ele ficou preso por um ano.
Em dezembro de 2002, dizem os
policiais paulistas, ele foi de fato
baleado. Foram dois tiros nas costas, mas disparados pelo padrasto
de Vilela, Iloir Ferrarez, com uma
carabina calibre 22, numa briga,
dentro de casa, em São José dos
Campos (91 km de São Paulo).
"A divulgação desses fatos, sem
preocupação com a veracidade
deles, sugere falta de seriedade",
afirmou o delegado Viana.
O senador Suplicy rebate: "Eles
prestaram um desserviço de falar
assim, sem nos avisar. Se isso for
verdade, o rapaz irá sumir".
Na segunda-feira, tudo o que foi
apurado pela Polícia Civil de São
Paulo seguirá à PF. Na quarta, o
ministro da Justiça, Márcio Thomaz Bastos, e o diretor-geral da
PF, Paulo Lacerda, devem ser ouvidos pela comissão mista sobre
essas e outras denúncias.
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