São Paulo, domingo, 10 de abril de 2005

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DANUZA LEÃO

Ah, Lula

Eu queria muito saber quem é o conselheiro particular de Lula. O que aconselhou o presidente a receber para uma festa caipira, a servir feijoada para os príncipes da Espanha e ajudou a fazer a listinha de convidados para o enterro do papa. Afinal, se é para ser um grupo ecumênico -copiando o comportamento do papa-, ninguém pode ser barrado. Se até uma mãe-de-santo foi convidada, por que não um evangélico da Igreja Universal do Reino de Deus? Simples: porque esses já sabem em quem votar em 2006, só pode ser. E se Marisa foi, as mulheres dos outros convidados deveriam ter ido também.
Ah, mas o Bush levou a Laura, e o Clinton não levou a Hillary. E desde quando o Bush é um exemplo em qualquer sentido? É verdade que no grupo dos americanos tinha a Condoleeza Rice, mas essa entra na cota dos homens. E vamos orar com muita fé para que Severino Cavalcanti se comporte discretamente -pelo menos. Eu queria ser uma mosca para saber o que se passou dentro desse avião.
Lula deve ter se arrependido de ter comprado um avião tão pequeno; por uns trocados a mais, haveria lugar para todo mundo e não teria acontecido essa indelicadeza com as mulheres dos ex-presidentes, e até a esposa de Severino poderia ter ido, levando um lanchinho para a viagem: bolinhos de fubá, sua especialidade.
Alguém precisa dar uns conselhos ao presidente; chega de d. Marisa grudada nele em quase todas as cerimônias oficiais com seus terninhos, cada um de uma cor, sorrindo e nunca dizendo uma só palavra. A cada vez que Lula fala de improviso é aquele desastre; ele não entendeu que candidato é uma coisa, presidente é outra. Lula deslumbrou, e adora a idéia de ser um líder mundial. Dá mais atenção a isso do que a ser presidente do Brasil, por isso viaja tanto.
Ele não gostou de ser deputado e nem sei se gosta de ser presidente; até deve gostar, já que quer repetir a dose, mas prefere discursar no exterior, ditando regras para solucionar os problemas do mundo. Mas resolver mesmo, nem os daqui.
Mesmo quem votou nele não está achando mais graça. E é correto mandar seus convidados de volta no sucatão, aquele avião tão perigoso que ele, como presidente, não podia mais usar? Fernando Henrique, que sabe das coisas, vai ficar em Roma e voltar em avião de carreira.
Ok, Lula é presidente de um país católico e é do seu dever estar presente no funeral do papa. Mas já que d. Marisa foi, d. Marly Sarney e d. Ruth tinham que ter sido convidadas; apenas uma questão de delicadeza.
Ninguém aconselha Lula, ele acha que sabe de tudo, mas sugestões a gente pode sempre dar: que tal uma entrevista coletiva no Brasil, uma só, já que não deu nenhuma desde que tomou posse?
Os brasileiros adorariam.

E-mail - danuza.leao@uol.com.br

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