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ADOLPHO EUGÊNIO NARDY FILHO (1952 - 2008)
Luta do homem pela cirurgia proibida
WILLIAN VIEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL
Sempre que Adolpho Eugênio Nardy Filho aparecia
na imprensa, era como o
bem-sucedido diretor financeiro e analista de opiniões
valiosas sobre o mercado.
Mas a mão fraca atrapalhou o
golfe e soou logo o alerta -de
uma odisséia pela vida.
Que sempre seguiu o rumo
do sucesso. Filho de um dono
de corretora de valores, teve
uma infância tranqüila. Nem
quis terminar o curso de direito, para trabalhar logo
com o pai. Arriscando na bolsa, teve o know-how para
abrir a própria corretora e
ganhar respeito no mercado.
Entrou para o banco Cruzeiro do Sul, onde fez carreira como diretor de operações
e finanças. Como hobby, jogava golfe -foi em uma partida, em 2004, que as bolinhas teimaram em não alcançar o buraco. Sua mão direita estava fraca e a desconfiança revelou a ELA, doença
degenerativa que paralisa os
músculos, até interromper a
respiração. Sem cura.
Nardy ouviu que tinha três
anos de vida e que havia
umas tais pesquisas com células-tronco, "uma luz no fim
do túnel". Na única cirurgia
feita no país, porém, o paciente morreu meses depois.
"Não vou ficar sentado no
sofá esperando a morte chegar", disse. Descobriu que a
cirurgia não era regulamentada e apelou para uma liminar na Justiça, para fazer o
auto-transplante de células-tronco. Após três meses e
três infecções, teve alta.
Reassumiu a função no
banco -era o braço direito
do dono. Passou meses crente na saúde. Mas a doença
voltou. O homem de "terno
impecável" e dois filhos,
morreu na quinta, aos 55.
obituario@folhasp.com.br
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