São Paulo, quinta-feira, 10 de abril de 2008

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ADOLPHO EUGÊNIO NARDY FILHO (1952 - 2008)

Luta do homem pela cirurgia proibida

WILLIAN VIEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL

Sempre que Adolpho Eugênio Nardy Filho aparecia na imprensa, era como o bem-sucedido diretor financeiro e analista de opiniões valiosas sobre o mercado. Mas a mão fraca atrapalhou o golfe e soou logo o alerta -de uma odisséia pela vida.
Que sempre seguiu o rumo do sucesso. Filho de um dono de corretora de valores, teve uma infância tranqüila. Nem quis terminar o curso de direito, para trabalhar logo com o pai. Arriscando na bolsa, teve o know-how para abrir a própria corretora e ganhar respeito no mercado.
Entrou para o banco Cruzeiro do Sul, onde fez carreira como diretor de operações e finanças. Como hobby, jogava golfe -foi em uma partida, em 2004, que as bolinhas teimaram em não alcançar o buraco. Sua mão direita estava fraca e a desconfiança revelou a ELA, doença degenerativa que paralisa os músculos, até interromper a respiração. Sem cura.
Nardy ouviu que tinha três anos de vida e que havia umas tais pesquisas com células-tronco, "uma luz no fim do túnel". Na única cirurgia feita no país, porém, o paciente morreu meses depois.
"Não vou ficar sentado no sofá esperando a morte chegar", disse. Descobriu que a cirurgia não era regulamentada e apelou para uma liminar na Justiça, para fazer o auto-transplante de células-tronco. Após três meses e três infecções, teve alta.
Reassumiu a função no banco -era o braço direito do dono. Passou meses crente na saúde. Mas a doença voltou. O homem de "terno impecável" e dois filhos, morreu na quinta, aos 55.


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