São Paulo, sexta-feira, 10 de abril de 2009

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Projetos de ensino falharam, diz educador

Professor de Educação da USP afirma que os dados sobre desempenho dos estudantes da rede estadual "são alarmantes"

Metodologia antiga e falta de acompanhamento nas escolas são apontadas como algumas das causas do baixo desempenho de alunos

DA REPORTAGEM LOCAL

Educadores apontam questões como problemas nos programas do governo estadual, metodologia antiga e falta de acompanhamento nas escolas como algumas das causas do baixo desempenho dos alunos, revelado ontem com a divulgação do Saresp 2008.
Professor da Faculdade de Educação da USP, Ocimar Alavarse afirma que os dados "são alarmantes", mesmo onde houve melhora. "No caso de matemática, por exemplo, mesmo com o pequeno avanço, mais de três quartos dos alunos não atingiram o nível esperado pela própria secretaria", disse.
"Os dados indicam que os programas do governo parecem não ter surtido efeito. É preciso uma investigação séria dos projetos e da situação das escolas. São Paulo, com sua condição financeira, não pode ter esse número de alunos sem o conhecimento adequado", afirma Alavarse.
Para Neide Noffs, da Faculdade de Educação da PUC (Pontifícia Universidade Católica) de São Paulo, o sistema de ensino está ultrapassado. "Não é ouvindo várias vezes que o plural de pão é pães que eles aprenderão. Os estudantes têm que ler mais." Em matemática, o mesmo problema: "Os alunos não veem a aplicação do que aprendem, então, é difícil entender o que é dado".
Ela diz que deve haver uma revisão da metodologia que está sendo usada atualmente. "Tem que ser feita uma atualização do sistema. Já."
Celio da Cunha, consultor da Unesco e professor da Faculdade de Educação da UnB (Universidade de Brasília), aponta como urgente a necessidade de se vistoriar as escolas. "Insisto na inspeção escolar. As escolas devem ser periodicamente visitadas, como ocorre em países como a França e a Inglaterra."
Ele elogia o programa de bônus por mérito criado pela secretária Maria Helena Guimarães de Castro, mas diz que mudanças em educação são sentidas a longo prazo. "Avaliar uma escola é um processo multidimensional."
O pesquisador Ruben Klein, da Fundação Cesgranrio (instituição que aplicou o exame), é mais positivo. Ele afirma que "considerando um período mais longo de análise, São Paulo tem apresentado melhora nos indicadores de português e matemática, como o restante do país". Ele usa como base os exames federais (Saeb e Prova Brasil). (FÁBIO TAKAHASHI E LUISA ALCANTARA E SILVA)


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