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Projetos de ensino falharam, diz educador
Professor de Educação da USP afirma que os dados sobre desempenho dos estudantes da rede estadual "são alarmantes"
Metodologia antiga e falta de acompanhamento nas escolas são apontadas como algumas das causas do baixo desempenho de alunos
DA REPORTAGEM LOCAL
Educadores apontam questões como problemas nos programas do governo estadual,
metodologia antiga e falta de
acompanhamento nas escolas
como algumas das causas do
baixo desempenho dos alunos,
revelado ontem com a divulgação do Saresp 2008.
Professor da Faculdade de
Educação da USP, Ocimar Alavarse afirma que os dados "são
alarmantes", mesmo onde houve melhora. "No caso de matemática, por exemplo, mesmo
com o pequeno avanço, mais de
três quartos dos alunos não
atingiram o nível esperado pela
própria secretaria", disse.
"Os dados indicam que os
programas do governo parecem não ter surtido efeito. É
preciso uma investigação séria
dos projetos e da situação das
escolas. São Paulo, com sua
condição financeira, não pode
ter esse número de alunos sem
o conhecimento adequado",
afirma Alavarse.
Para Neide Noffs, da Faculdade de Educação da PUC
(Pontifícia Universidade Católica) de São Paulo, o sistema de
ensino está ultrapassado. "Não
é ouvindo várias vezes que o
plural de pão é pães que eles
aprenderão. Os estudantes têm
que ler mais." Em matemática,
o mesmo problema: "Os alunos
não veem a aplicação do que
aprendem, então, é difícil entender o que é dado".
Ela diz que deve haver uma
revisão da metodologia que está sendo usada atualmente.
"Tem que ser feita uma atualização do sistema. Já."
Celio da Cunha, consultor da
Unesco e professor da Faculdade de Educação da UnB (Universidade de Brasília), aponta
como urgente a necessidade de
se vistoriar as escolas. "Insisto
na inspeção escolar. As escolas
devem ser periodicamente visitadas, como ocorre em países
como a França e a Inglaterra."
Ele elogia o programa de bônus por mérito criado pela secretária Maria Helena Guimarães de Castro, mas diz que mudanças em educação são sentidas a longo prazo. "Avaliar uma
escola é um processo multidimensional."
O pesquisador Ruben Klein,
da Fundação Cesgranrio (instituição que aplicou o exame), é
mais positivo. Ele afirma que
"considerando um período
mais longo de análise, São Paulo tem apresentado melhora
nos indicadores de português e
matemática, como o restante
do país". Ele usa como base os
exames federais (Saeb e Prova
Brasil).
(FÁBIO TAKAHASHI E LUISA ALCANTARA E SILVA)
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