São Paulo, domingo, 10 de abril de 2011

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Após dois anos separadas, mãe recebe as filhas

DE SÃO PAULO

Em dezembro de 2008, Jaqueline dos Santos Oliveira, 26, então desempregada, saiu de casa, em Belo Horizonte, para procurar a irmã. As duas filhas foram deixadas com a vizinha.
"Quando voltei, ela tinha chamado o Conselho Tutelar, que as levou para um abrigo. A vizinha falou que eu não cuidava delas."
À época, a menina Amanda tinha só seis meses e sua irmã, Jéssica, dois anos (os nomes são fictícios). "Eu estava sem trabalho e diziam que eu usava minhas filhas para pedir esmola, mas jamais faria isso", conta.
Jéssica, hoje com quatro anos, e Amanda, com três, viveram dois anos em um abrigo da cidade, depois da denúncia de abandono.
Elas chegaram a ser encaminhadas duas vezes para adoção, mas não se adaptaram às novas famílias.
A mãe lembra das dificuldades para tentar reaver as filhas na época: "Nosso barraco tinha dois cômodos, meu marido ganhava mal".
Segundo ela, a Justiça enviou uma carta para que o casal fosse ao abrigo, mas a correspondência ficou nos Correios, e eles só souberam dois meses depois. "Fiquei muito triste sem minhas filhas. Eu culpava o José, e nos separamos", conta.
Jaqueline guardou roupas, cobertor, brinquedos. Quando sentia saudade, pegava uma boneca de pano para se lembrar das filhas.
Depois de um tempo, ela e o companheiro reataram. "Sentimos que ainda havia amor e que, se ficássemos juntos, poderíamos ter as meninas de novo", diz.
Jaqueline e o marido, o pedreiro José Camilo Araújo, 55, mudaram-se para uma casa nova e a família até aumentou, com o nascimento de um garoto, hoje com um ano e quatro meses. "Fomos ao abrigo pedir as meninas de volta."
Com a revisão do processo na Justiça e o apoio do Sarf (Serviço de Apoio à Reinserção Familiar) da Prefeitura de Belo Horizonte, as meninas puderam voltar para casa, em novembro do ano passado.
"O Sarf nos ajudou: fizeram a gente pensar se poderia mesmo receber as meninas. Agora vamos ganhar uma bolsa para comprar roupas e material escolar", afirma a mãe, que no momento se diz completa.
"Agora que estamos todos juntos, não vamos mais nos separar." (ELIDA OLIVEIRA)


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