São Paulo, domingo, 10 de abril de 2011 |
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros
"Era um amor inexplicável", diz irmã de menina morta Polícia crê em motivação homofóbica no assassinato de adolescente em GO Adriele,16, namorava uma menina do colégio; polícia diz que irmão da namorada confessou o crime nesta semana NATÁLIA CANCIAN DE SÃO PAULO Adriele tinha 16 anos e vestia-se como homem. Adorava conversar, fazia amigos com facilidade e não perdia uma festa sequer. E era apaixonada por uma garota que conheceu ainda no colégio -sua primeira namorada. É assim que a família resume quem era Adriele Camacho Almeida -a adolescente encontrada morta na última terça-feira em Itarumã, a 321 km de Goiânia. Para os familiares, esse amor também foi o motivo de sua morte. A polícia localizou o corpo depois de 24 dias de buscas. Ele estava enterrado em um buraco estreito, crivado de facadas, de cabeça para baixo, na fazenda da família da garota que Adriele amava. A principal suspeita da polícia é que ela tenha caído numa cilada armada pelos familiares da namorada: o pai e dois irmãos adolescentes, que não concordavam com o romance. Adriele foi vista com vida pela última vez quando tentava se encontrar com essa garota. Segundo Kelly Camacho da Silva, 18, uma das irmãs de Adriele, a mãe dessa namorada sempre a ofendia com palavras homofóbicas. "Ela xingava direto minha irmã de "sapatãozinha'", disse. Adriele não tinha medo dessa desaprovação, e, segundo sua família, fazia tudo o que a namorada pedia. "Era um amor inexplicável. As meninas namoraram por uns três anos", diz Kelly. AMEAÇAS O romance entre as duas adolescentes ocorreu em grande parte na cidade de Cassilândia, na divisa de Mato Grosso do Sul e Goiás, onde elas chegaram a andar de mãos dadas pelas ruas e, segundo os parentes, sem nenhum tipo de preconceito. A namorada mudou-se com a família para Itarumã -que fica a cerca de 80 km de distância-, mas o amor entre as duas não acabou. A irmã mais velha de Adriele, Kévia Camacho da Silva, 19, diz que a situação se complicou no início deste ano quando a jovem começou a sofrer ameaças. O motivo foi o desejo da namorada de fugir de casa. A irmã conta ainda que o sogro teria ameaçado matar Adriele caso ela voltasse a procurar sua filha. "Só que ela não procurou", afirma. Kévia diz que o irmão da namorada de Adriele ligava com frequência para a garota e que, antes de desaparecer, Adriele contou ter recebido uma ligação do jovem pedindo para encontrá-lo em Itarumã. Ele teria dito que ajudaria o casal a fugir. Depois disso, Adriele não foi mais vista com vida. A polícia diz que esse adolescente confessou o crime. De acordo com o delegado responsável pelo caso, Samer Agi, o menor diz que a garota lhe devia R$ 1.000 e batia em sua irmã. Disse também, segundo a polícia, que a família era contra o relacionamento das duas. Foi o irmão dele, de 13 anos, quem mostrou à policia onde o corpo havia sido enterrado na fazenda. "O que nós queremos é justiça", diz Kévia. O pai dos menores nega participação no crime. A Folha tentou contato com a família da namorada de Adriele, mas não conseguiu localizar ninguém. Texto Anterior: Frase Próximo Texto: Frase Índice | Comunicar Erros |
Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress. |