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RIO
Estabelecimentos relataram ter recebido avisos de supostos traficantes; para autoridades, tudo não passa de trote e histeria
Ameaçadas, escolas fecham; policiais matam 8 em favela
DA SUCURSAL DO RIO
A Polícia Civil do Rio de Janeiro
matou ontem à tarde, no morro
da Mineira (zona norte da capital
fluminense), oito supostos traficantes. Oficialmente, a operação
procurava quem atirou na universitária Luciana Novaes, 19, na última segunda-feira.
O caso da estudante, que corre o
risco de ficar tetraplégica, causou
uma espécie de onda de pânico
escolar. Ontem, nove colégios e
três creches não funcionaram
porque receberam ameaças telefônicas. Pelo menos 10 mil alunos
ficaram sem aulas.
Para o secretário de Segurança
Pública, Anthony Garotinho, as
ameaças não passam de trotes. O
chefe de Polícia Civil, Álvaro Lins,
disse que há "histeria".
À noite, o secretário elogiou o
trabalho da polícia, afirmando
que ela agiu "com firmeza e inteligência" no episódio da Mineira.
O novo superintendente da Polícia Federal no Rio, Roberto Precioso Júnior, discordou de Lins e
Garotinho. "A situação é realmente muito preocupante." Ele
criticou o episódio da Mineira.
"Violência gera violência. Num
caso como esse, só quem perde é a
sociedade."
De acordo com a Polícia Civil, a
ação no morro da Mineira consistiu no cerco a uma casa onde estariam os supostos traficantes. O
delegado Alan Turnowski disse
que eles atiraram contra os policiais e, no tiroteio, foram mortos.
Dentro da casa, um morador de
73 anos, cujo nome não foi divulgado, foi mantido refém durante
alguns minutos.
Os oito mortos moravam na
Mineira. Dois deles tinham 17
anos. A mulher de Sandro Guimarães da Silva, uma das vítimas,
disse no hospital para onde foram
levados os corpos que os oito estavam em um culto evangélico na
casa. Ela não quis se identificar.
Ontem à noite, segundo o "Jornal da Globo", da TV Globo, a polícia analisava uma fita de vídeo
do circuito interno de TV da Universidade Estácio de Sá, local onde Luciana estudava, que pode
mudar o rumo das investigações.
O vídeo teria a imagem de um homem com uma arma, que poderia
ter disparado contra a estudante.
O exame de balística concluiu
que o projétil que acertou Luciana
partiu de uma pistola, e não de
um fuzil, como a polícia inicialmente suspeitava. A bala de pistola não consegue percorrer os 600
metros que separam a escola do
morro vizinho. Isso corrobora a
hipótese de que o tiro teria sido
dado do interior da Estácio de Sá.
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