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São Paulo, sábado, 10 de maio de 2003

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RIO

Estabelecimentos relataram ter recebido avisos de supostos traficantes; para autoridades, tudo não passa de trote e histeria

Ameaçadas, escolas fecham; policiais matam 8 em favela

DA SUCURSAL DO RIO

A Polícia Civil do Rio de Janeiro matou ontem à tarde, no morro da Mineira (zona norte da capital fluminense), oito supostos traficantes. Oficialmente, a operação procurava quem atirou na universitária Luciana Novaes, 19, na última segunda-feira.
O caso da estudante, que corre o risco de ficar tetraplégica, causou uma espécie de onda de pânico escolar. Ontem, nove colégios e três creches não funcionaram porque receberam ameaças telefônicas. Pelo menos 10 mil alunos ficaram sem aulas.
Para o secretário de Segurança Pública, Anthony Garotinho, as ameaças não passam de trotes. O chefe de Polícia Civil, Álvaro Lins, disse que há "histeria".
À noite, o secretário elogiou o trabalho da polícia, afirmando que ela agiu "com firmeza e inteligência" no episódio da Mineira.
O novo superintendente da Polícia Federal no Rio, Roberto Precioso Júnior, discordou de Lins e Garotinho. "A situação é realmente muito preocupante." Ele criticou o episódio da Mineira. "Violência gera violência. Num caso como esse, só quem perde é a sociedade."
De acordo com a Polícia Civil, a ação no morro da Mineira consistiu no cerco a uma casa onde estariam os supostos traficantes. O delegado Alan Turnowski disse que eles atiraram contra os policiais e, no tiroteio, foram mortos.
Dentro da casa, um morador de 73 anos, cujo nome não foi divulgado, foi mantido refém durante alguns minutos.
Os oito mortos moravam na Mineira. Dois deles tinham 17 anos. A mulher de Sandro Guimarães da Silva, uma das vítimas, disse no hospital para onde foram levados os corpos que os oito estavam em um culto evangélico na casa. Ela não quis se identificar.
Ontem à noite, segundo o "Jornal da Globo", da TV Globo, a polícia analisava uma fita de vídeo do circuito interno de TV da Universidade Estácio de Sá, local onde Luciana estudava, que pode mudar o rumo das investigações. O vídeo teria a imagem de um homem com uma arma, que poderia ter disparado contra a estudante.
O exame de balística concluiu que o projétil que acertou Luciana partiu de uma pistola, e não de um fuzil, como a polícia inicialmente suspeitava. A bala de pistola não consegue percorrer os 600 metros que separam a escola do morro vizinho. Isso corrobora a hipótese de que o tiro teria sido dado do interior da Estácio de Sá.


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