São Paulo, segunda-feira, 10 de maio de 2004

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Tropa de elite vai encontrar pelo menos 24 zonas de confrontos

DA SUCURSAL DO RIO

As tropas do Exército que voltarão às ruas do Rio nesta semana encontrarão uma cidade que tem hoje, pelo menos, 24 zonas conflagradas. São áreas de todas as regiões da capital, nas quais confrontos entre quadrilhas rivais de traficantes ou tiroteios com a polícia acontecem freqüentemente.
Atualmente, a área mais problemática é a favela da Rocinha, em São Conrado (zona sul), que foi alvo de uma tentativa de invasão por uma quadrilha de traficantes rivais na Semana Santa. Desde então, 14 pessoas morreram.
Mesmo com a Rocinha ocupada pela polícia, os moradores continuam temendo uma nova guerra, porque o chefe da tentativa de invasão, o traficante Eduíno Eustáquio de Araújo Filho, o Dudu, continua foragido e conta com o apoio de toda a facção criminosa CV (Comando Vermelho) para retomar o controle da Rocinha, o maior entreposto de drogas do Rio. A ADA (Amigo dos Amigos) e o TCP (Terceiro Comando Puro) também cobiçam a favela.
A situação é tensa no complexo de favelas do Dendê (Ilha do Governador, zona norte). Há duas semanas, a polícia prendeu quatro traficantes vinculados à ADA que planejavam invadir o Dendê, onde o tráfico é dominado pelo grupo TCP. A ADA não desistiu de retomar o controle da favela.
Outra região conflagrada é entre os bairros do Rio Comprido, Catumbi e Estácio, todos na zona central, onde há oito favelas divididas entre ADA e CV.
A guerra se acirrou no final de março, quando o traficante Irapuan David Lopes, o Gangan, do ADA, que controla os morros de São Carlos e Querosene, tomou o morro do Zinco do CV. Desde então, o CV tenta se vingar.
O complexo de favelas da Maré (Bonsucesso, zona norte) também enfrenta confrontos constantes. Só nesta semana, cinco supostos traficantes foram mortos pela PM (Polícia Militar) no local.
A Maré tem 17 favelas, nas quais atuam traficantes das três principais facções criminosas do Rio. A principal rivalidade é entre as quadrilhas da ADA que atuam nas favelas Vila do João e Vila do Pinheiro e as do TCP que atuam no Timbau e na Baixa do Sapateiro. Os tiroteios são freqüentes.
Os confrontos na Maré costumam trazer problemas a motoristas que trafegam pela avenida Brasil e pelas linhas Amarela e Vermelha. A violência também tem assustado quem passa pela rua Leopoldo Bulhões, em Manguinhos (zona norte), conhecida como "faixa de Gaza". A via é cercada de favelas, e os traficantes costumam atacar carros policiais e fechar as pistas em falsas blitze.


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