São Paulo, terça-feira, 10 de maio de 2005 |
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PATRIMÔNIO Iniciativa tenta conter danos provocados em prédios e ruas pela circulação de veículos no centro histórico da cidade Salvador vai barrar veículos no Pelourinho
LUIZ FRANCISCO DA AGÊNCIA FOLHA, EM SALVADOR Tombado pela Unesco (Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura) como patrimônio cultural da humanidade, o Pelourinho, no centro histórico de Salvador, na Bahia, terá todos os seus acessos interditados definitivamente para veículos pela prefeitura da cidade. A medida, adotada para preservar os 3.000 casarões dos séculos 16, 17 e 18 construídos no local, deve começar a vigorar em 30 dias -período estimado pelos técnicos da Secretaria Municipal dos Transportes para orientar a população e os turistas. "Os calçamentos das ruas, de paralelepípedos, estavam sofrendo afundamentos, e muitos casarões, apesar de restaurados, apresentavam rachaduras visíveis devido à trepidação provocada pelos automóveis", disse a superintendente de engenharia de tráfego da cidade, Cristina Aragon. O tráfego no Pelourinho já é proibido duas vezes por semana, às terças e aos domingos. Donos de carros usam as centenárias ladeiras do bairro para cortar caminho para outros pontos da cidade, o que foi verificado pelos fiscais da prefeitura ao longo de mais de três meses de observação. Segundo Aragon, os fiscais agora só vão permitir a circulação de carros de emergência (ambulâncias, veículos policiais e do Corpo de Bombeiros) e de carga, que abastecem os estabelecimentos comerciais do Pelourinho. A superintendente disse que os freqüentadores da região poderão deixar seus carros nos estacionamentos do centro histórico -as entradas são feitas por ruas laterais. "Há uma capacidade ociosa de 50% nos estacionamentos." Antes de a medida ser implementada, comerciantes, guias turísticos e visitantes do Pelourinho serão orientados sobre os locais para parar. Panfletos e cartazes serão distribuídos no centro histórico com as informações e um mapa dos pontos de estacionamento. O comerciante Clarindo Silva, que trabalha no Pelourinho há mais de 40 anos, disse que apóia a decisão da prefeitura. "Além de afundamentos nas ruas, os carros provocam rachaduras em pisos e galerias, prejuízos para as redes elétrica, hidráulica e telefônica [todas são subterrâneas] e riscos de desabamentos", disse Silva, que também é presidente da Associação de Comerciantes do Centro Histórico de Salvador. Os ônibus que transportam turistas também serão proibidos de entrar no centro histórico -todos deverão estacionar na praça da Sé, a menos de 500 metros do Terreiro de Jesus, onde começam as ruas de paralelepípedos. A diretora de ações culturais do Ipac (Instituto do Patrimônio Artístico e Cultural) da Bahia, Tânia Simões, 58, concorda com a medida. "É evidente que alguns estabelecimentos podem ser prejudicados. Mas o que temos de pensar é na preservação de um patrimônio com mais de 400 anos." Para os gerentes de lojas e hotéis, a proibição de circulação de carros no centro histórico de Salvador vai dificultar o acesso de turistas ao local. Antes de a prefeitura anunciar a decisão, os hotéis e pousadas localizados no centro histórico costumavam oferecer translado para os turistas. "O turista quer praticidade e comodidade. Ninguém quer andar para chegar até o local de hospedagem", disse Nataly Silva, 23, que trabalha no setor de marketing do Hotel Pelourinho. Texto Anterior: Evento Folha: Debate sobre ensino e inclusão é amanhã em SP Próximo Texto: Vazamento de gás: Botijão explode, destrói três casas e fere 1 Índice |
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