São Paulo, sábado, 10 de junho de 2006

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Detentos de 40 prisões mantêm "boicote"

Desde quarta-feira, presos ligados ao PCC se recusam a ir a fóruns e realizar atividades como limpeza e banho de sol

As versões para protesto vão de isolamento de líderes da facção à cor dos uniformes; governo do Estado ainda não explicou os motivos


DA REPORTAGEM LOCAL
DA AGÊNCIA FOLHA, EM SÃO JOSÉ DOS CAMPOS

A "rebelião branca" iniciada quarta-feira por presidiários ligados ao PCC (Primeiro Comando da Capital) continuou ontem em pelo menos 40 das 144 unidades prisionais do Estado. Detentos ligados à facção, sendo eles "irmãos" (membros efetivos) ou "primos" (simpatizantes), se recusam a fazer atividades rotineiras. Um dos boicotes mais fortes tem sido a recusa em deixar os presídios para responder a processos em fóruns de todo o Estado.
Os presos também têm se recusado a trabalhar nas oficinas das penitenciárias, a receber encomendas pelo Correio, a sair para o banho de sol e, em alguns casos, até a jogar futebol e fazer a limpeza das unidades.
Existem várias versões para o motivo do protesto. Uma seria pressionar o governo a suspender o isolamento de integrantes da facção nos presídios de Presidente Venceslau e de Presidente Bernardes.
Outra é sobre, na semana passada, outros líderes da facção terem sido levados para Presidente Bernardes, onde ficarão em RDD (Regime Disciplinar Diferenciado). Também se fala em problemas com a cor do uniforme dos presos (que querem cáqui no lugar de amarelo) e até que, às vésperas da Copa do Mundo, TVs foram retiradas de algumas unidades.
Em nota, o procurador-geral de Justiça de São Paulo, Rodrigo Pinho, informou que "a recusa do preso em comparecer às audiências configura falta grave prevista na Lei de Execução Penal".
Sob a condição de anonimato, um funcionário da penitenciária 1 de Tremembé, uma das atingidas pela "rebelião branca", disse que o movimento tem como objetivo mostrar solidariedade aos integrantes isolados e pressionar o governo a voltar atrás na decisão.
No início da noite, a Folha pediu ao secretário da Administração Penitenciária, Antônio Ferreira Pinto, que explicasse oficialmente os motivos do protesto, mas isso não ocorreu até a conclusão da edição. A expectativa é que o boicote seja suspenso no fim de semana


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