São Paulo, domingo, 10 de junho de 2007

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Parada Gay aquece mercado de luxo

Principal evento turístico da cidade, que acontece hoje às 13h30, impulsiona venda de grifes famosas

Jeans da Diesel se esgotam em algumas numerações; salão do Iguatemi lota de turistas; boate The Week realiza festas diariamente

João Wainer/Folha Imagem
O carioca Renato (à esq.), que mora em São Paulo, e Leandro, turista de Brasília, vão às compras enquanto aguardam a parada


DANIEL BERGAMASCO
DA REPORTAGEM LOCAL

"A calça é Calvin Klein, a camisa é Calvin Klein e a cueca também é Calvin Klein", descreve-se o geofísico Leandro, 24, sobrenome não revelado, que veio de Brasília especialmente para participar hoje da 11ª Parada do Orgulho GLBT de São Paulo. Louco por moda e por grifes, ele aproveita a viagem para mergulhar nas compras nos Jardins.
A expectativa dos organizadores do evento é que seus 23 trios arrastem 3 milhões de participantes da avenida Paulista até a praça Roosevelt, na região central da cidade.
No ano passado, segundo a SPTuris (empresa de turismo da prefeitura), 234 mil deles vieram de fora da cidade, o que faz da Parada Gay o maior evento turístico de São Paulo, bem à frente da F-1, que atraiu 80 mil, e do Carnaval (27 mil).
A SPTuris calcula que os visitantes da parada despejarão R$ 180 milhões por aqui.
Leandro veio disposto a abrir a carteira. Ao lado do amigo Renato, 25, biólogo, caminha pelas calçadas da rua Oscar Freire, sede de grifes como Montblanc, Lacoste e Tommy Hilfiger. "Acabo de comprar uma calça jeans nova para ir a uma festa", diz ele, enquanto Renato carrega as sacolas.
Os olhos dos vendedores de grifes da rua brilham na temporada e grande parte dos lojistas decidiu abrir as portas em pleno feriado de Corpus Christi para aproveitar a demanda dos turistas abonados.
"Algumas numerações de calça se esgotaram no ano passado. A venda é incrível", diz Márcia Fonseca, diretora comercial da loja Diesel, onde uma calça jeans sai por volta de R$ 1.000. "Eles [os turistas gays] vêm aqui comprar em bando, adoram moda e são muito objetivos: olham, querem, compram na hora."
No shopping Iguatemi (Louis Vuitton, Tiffany, Emporio Armani, Ermenegildo Zegna, D&G, Salvatore Ferragamo) também pairou o clima de concentração para a parada. O salão Studio W, onde um corte de cabelo varia de R$ 130 a R$ 350 (mais R$ 18 para lavar), a agenda dos últimos dias estava "quase cheia".
"Minha agenda está lotada! Lotada de gays querendo ficar bonitos para a parada", diz Eron Araujo, 36, cabeleireiro do Studio W do shopping.
"Atendo gente de Minas Gerais, da Bahia, do Rio de Janeiro. É loucura! Muitos têm medo de passear nas ruas de São Paulo e preferem a segurança do shopping, então aqui lota."
O empresário André Almada, dono da The Week, principal boate gay de São Paulo, aproveita para promover festas durante toda a semana.
"O mercado de luxo ferve com a parada. Me ligaram do hotel Fasano pedindo convites, tinha vários hóspedes querendo visitar a boate", conta Almada. "Todo mundo quer "dar pinta" [aparecer] na Oscar Freire, fazer umas compras. Isso faz parte do passeio."
"Vários amigos meus estão chegando de fora para a parada e os Jardins são o pedaço da cidade onde os gays se sentem melhor", diz o brasiliense Yan Acioli, que mora em São Paulo. "É impressionante como se gasta aqui! Os gays juntam dinheiro já para chegar a São Paulo e sair comprando."
O estudante de informática Yuri N., 20, chegou do Rio de Janeiro e fica na casa de amigos. "Eles nem precisam me trazer aqui nos Jardins. Já aprendi o caminho. Adoro Sérgio K, Diesel e, sempre que venho, gasto horrores!"
Os azarados da história são os estabelecimentos que dependem da freqüência do público feminino. "A rua está bombando, mas aqui está até meio fraco. A mulhereada aproveita o feriado para viajar", diz o maquiador Marcelo Miguez Justo, do salão L'Officiel.


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