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Parada Gay aquece mercado de luxo
Principal evento turístico da cidade, que acontece hoje às 13h30, impulsiona venda de grifes famosas
Jeans da Diesel se esgotam em algumas numerações; salão do Iguatemi lota de turistas; boate The Week realiza festas diariamente
João Wainer/Folha Imagem
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O carioca Renato (à esq.), que mora em São Paulo, e Leandro, turista de Brasília, vão às compras enquanto aguardam a parada |
DANIEL BERGAMASCO
DA REPORTAGEM LOCAL
"A calça é Calvin Klein, a camisa é Calvin Klein e a cueca
também é Calvin Klein", descreve-se o geofísico Leandro,
24, sobrenome não revelado,
que veio de Brasília especialmente para participar hoje da
11ª Parada do Orgulho GLBT de
São Paulo. Louco por moda e
por grifes, ele aproveita a viagem para mergulhar nas compras nos Jardins.
A expectativa dos organizadores do evento é que seus 23
trios arrastem 3 milhões de
participantes da avenida Paulista até a praça Roosevelt, na
região central da cidade.
No ano passado, segundo a
SPTuris (empresa de turismo
da prefeitura), 234 mil deles
vieram de fora da cidade, o que
faz da Parada Gay o maior
evento turístico de São Paulo,
bem à frente da F-1, que atraiu
80 mil, e do Carnaval (27 mil).
A SPTuris calcula que os visitantes da parada despejarão R$
180 milhões por aqui.
Leandro veio disposto a abrir
a carteira. Ao lado do amigo
Renato, 25, biólogo, caminha
pelas calçadas da rua Oscar
Freire, sede de grifes como
Montblanc, Lacoste e Tommy
Hilfiger. "Acabo de comprar
uma calça jeans nova para ir a
uma festa", diz ele, enquanto
Renato carrega as sacolas.
Os olhos dos vendedores de
grifes da rua brilham na temporada e grande parte dos lojistas
decidiu abrir as portas em pleno feriado de Corpus Christi
para aproveitar a demanda dos
turistas abonados.
"Algumas numerações de
calça se esgotaram no ano passado. A venda é incrível", diz
Márcia Fonseca, diretora comercial da loja Diesel, onde
uma calça jeans sai por volta de
R$ 1.000. "Eles [os turistas
gays] vêm aqui comprar em
bando, adoram moda e são
muito objetivos: olham, querem, compram na hora."
No shopping Iguatemi (Louis
Vuitton, Tiffany, Emporio Armani, Ermenegildo Zegna,
D&G, Salvatore Ferragamo)
também pairou o clima de concentração para a parada. O salão Studio W, onde um corte de
cabelo varia de R$ 130 a R$ 350
(mais R$ 18 para lavar), a agenda dos últimos dias estava
"quase cheia".
"Minha agenda está lotada!
Lotada de gays querendo ficar
bonitos para a parada", diz
Eron Araujo, 36, cabeleireiro
do Studio W do shopping.
"Atendo gente de Minas Gerais, da Bahia, do Rio de Janeiro. É loucura! Muitos têm medo de passear nas ruas de São
Paulo e preferem a segurança
do shopping, então aqui lota."
O empresário André Almada,
dono da The Week, principal
boate gay de São Paulo, aproveita para promover festas durante toda a semana.
"O mercado de luxo ferve
com a parada. Me ligaram do
hotel Fasano pedindo convites,
tinha vários hóspedes querendo visitar a boate", conta Almada. "Todo mundo quer "dar pinta" [aparecer] na Oscar Freire,
fazer umas compras. Isso faz
parte do passeio."
"Vários amigos meus estão
chegando de fora para a parada
e os Jardins são o pedaço da cidade onde os gays se sentem
melhor", diz o brasiliense Yan
Acioli, que mora em São Paulo.
"É impressionante como se
gasta aqui! Os gays juntam dinheiro já para chegar a São
Paulo e sair comprando."
O estudante de informática
Yuri N., 20, chegou do Rio de
Janeiro e fica na casa de amigos. "Eles nem precisam me
trazer aqui nos Jardins. Já
aprendi o caminho. Adoro Sérgio K, Diesel e, sempre que venho, gasto horrores!"
Os azarados da história são
os estabelecimentos que dependem da freqüência do público feminino. "A rua está
bombando, mas aqui está até
meio fraco. A mulhereada
aproveita o feriado para viajar",
diz o maquiador Marcelo Miguez Justo, do salão L'Officiel.
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