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Justiça absolve acusados de extorsão contra o padre Júlio
TJ diz que juiz não divulgará motivo da decisão porque caso está sob segredo de Justiça
Irmãos Evandro e Everson Guimarães já foram soltos; o ex-interno da Febem Anderson Batista e sua mulher continuam presos
Patrícia Stavis/Folha Imagem
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Os irmãos Evandro e Everson Guimarães ao deixarem o CDP
ANDRÉ CARAMANTE
KLEBER TOMAZ
DA REPORTAGEM LOCAL
A Justiça absolveu ontem os
quatro acusados de formar uma
quadrilha para extorquir dinheiro do padre Júlio Lancelotti. O ex-interno da Febem
(atual Fundação Casa) Anderson Marcos Batista, 26, sua mulher, Conceição Eletério, 45, e
os irmãos Evandro, 29, e Everson Guimarães, 27, estavam
presos desde o ano passado.
O Ministério Público pode
recorrer da absolvição.
No ano passado, o padre, que
atua na Pastoral do Povo de
Rua e é um dos principais defensores dos direitos de adolescentes infratores, procurou a
polícia para denunciar que Batista e mais três pessoas o
ameaçavam com denúncias falsas de pedofilia.
O padre disse à polícia ter entregue dinheiro a Batista por
medo de ser agredido e por
acreditar que "poderia mudar
as pessoas que o extorquiam".
O padre disse à polícia e à
Justiça que pagou R$ 150 mil
por causa das extorsões de Batista e sua mulher, praticadas
com o apoio dos irmãos Everson e Evandro Guimarães.
Everson foi o primeiro a ser
preso, em setembro, após ser
flagrado ao pegar um envelope
com R$ 2.000 das mãos do padre. Preso em outubro, Batista
negou a chantagem e afirmou
que, em seis anos de relação homossexual com o padre, recebeu cerca de R$ 700 mil dele.
Batista sempre afirmou que a
aproximação entre ele e Lancelotti se deu quando ainda era
interno da Febem. O padre chegou a comprar carros financiados em seu nome para Batista.
Em novembro, a polícia concluiu o inquérito dizendo que o
religioso foi vítima. Batista e os
outros três foram indiciados. A
conclusão foi endossada pelo
Ministério Público, que encaminhou a denúncia à Justiça.
Segredo de Justiça
A decisão de absolver o casal
e os dois irmãos foi do juiz Caio
Farto Salles, da 31ª Vara Criminal do Tribunal de Justiça.
A assessoria do TJ informou
ontem que o magistrado não se
manifestaria sobre os motivos
de sua decisão porque o caso
está sob segredo de Justiça.
Para Nelson Bernardo da
Costa, advogado dos quatro,
seus clientes "foram absolvidos
por insuficiência de provas".
Até a conclusão desta edição,
apenas os dois irmãos haviam
sido libertados do CDP (Centro
de Detenção Provisória) 1 do
Belém, na zona leste de SP.
Everson estava lá desde o início de setembro; Evandro, assim como o casal, estava na prisão desde o fim de outubro.
Batista não foi solto porque
ainda responde a uma acusação
de homicídio. A previsão é que
Conceição deixe a prisão hoje.
Ontem, após o anúncio da absolvição, a Folha tentou e não
conseguiu entrevistar o padre.
Seu advogado, o ex-deputado
petista Luiz Eduardo Greenhalg, divulgou nota oficial na
qual diz ter sido "surpreendido" pelas absolvições.
Em outubro, Everson Guimarães afirmou à Folha que,
ao ser preso, foi espancado por
três policiais dentro da sede do
81º DP (Belém). Disse ter recebido socos no peito e, à época
da investigação policial, assinou seu depoimento "sem ler".
Everson disse que o padre ia
atrás de Batista "quase todos os
dias" e que "ficava nervoso"
quando não o localizava.
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