São Paulo, quarta-feira, 10 de junho de 2009

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Policiais e alunos entram em confronto na USP

PM usou bombas de efeito moral e balas de borracha, e universitários, tijolos e pedras

Estudantes e funcionários da universidade protestavam contra a presença da polícia e reivindicavam a retomada de negociações com reitoria


Almeida Rocha/Folha Imagem
Estudantes da USP em manifestação contra a PM ontem, no campus do Butantã em São Paulo

TALITA BEDINELLI
DA REPORTAGEM LOCAL

Uma manifestação de funcionários e estudantes de USP, Unesp e Unicamp acabou em confronto com a Polícia Militar ontem à tarde, no campus Butantã da USP (zona oeste). PMs usaram bombas de efeito moral, balas de borracha e cassetetes. Os alunos, pedras e tijolos.
Foram quase 80 minutos de confronto, gritos e muita correria. Motoristas que deixavam a Cidade Universitária na hora do confronto ficaram presos entre PMs e manifestantes.
Cinco alunos e cinco PMs ficaram feridos. Três pessoas, entre elas um estudante, foram levadas à delegacia e liberadas.
O confronto começou por volta das 16h40, quando um grupo de cem alunos e funcionários voltava de um ato na portaria principal da USP, que, segundo os organizadores, chegou a reunir 2.000 pessoas.
Eles pediam a saída da PM do campus e a reabertura de negociações salariais com os reitores das três universidades -suspensa desde o dia 25 de maio. A PM ocupa a USP desde o dia 1º para cumprir mandado de reintegração de posse pedido pela reitora Suely Vilela.
Seis PMs acompanhavam o grupo de estudantes e funcionários. Alguns manifestantes começaram a gritar "fora" e outras palavras de ordem e cercaram os policiais. Os PMs pediram reforço -e, em seguida, cerca de 30 homens da Força Tática, que estavam do lado de fora do campus, chegaram atirando balas de borracha.
Um aluno foi atingido na perna e levado ao Hospital Universitário. À noite, foi liberado. A Folha também presenciou um policial ser atingido no olho.
Com as bombas e cordões de isolamento, os policiais foram forçando o grupo a se dirigir para a frente do prédio da reitoria e, depois, para o prédio da história e geografia, onde ocorria assembleia de professores. Parte dos docentes tentou falar com os PMs, mas eles seguiram com as bombas de efeito moral.
Nessa hora, o confronto já envolvia cerca de mil alunos, professores e funcionários e PMs -a Polícia Militar não informou quantos.
"Ficamos sitiados. Nós alertamos a reitora de que a presença da PM poderia levar a um incidente desses", disse o professor do Instituto de Física João Zanetic. Professora da faculdade de história há 23 anos, Zilda Iokoi diz que desde o final dos anos 60 não havia um confronto dentro da USP.
O repórter-fotográfico Danilo Verpa, da Folha, foi atingido no ombro por um cassetete após fotografar um jovem sendo agredido pela polícia. O porta-voz da PM, capitão Emerson Massera, disse que irá apurar o caso, mas diz que, a princípio, a informação é de que o fotógrafo estava num local de risco.
Os grevistas querem reajuste salarial de 16%, mais R$ 200 fixos, além do fim de processos administrativos contra servidores e alunos que participaram de protesto anterior.


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