São Paulo, quarta-feira, 10 de junho de 2009

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USP atribui confronto a ação de grupo radical

Em nota, reitoria disse lamentar enfrentamentos entre PM e alunos; episódio teve "cenas inadmissíveis", diz comunicado

Sem aparecer publicamente, a reitora Suely Vilela acompanhou os protestos; procurada pela Folha, ela não se manifestou


DA REPORTAGEM LOCAL

A reitoria da Universidade de São Paulo emitiu ontem à noite, quatro horas depois dos confrontos entre a Polícia Militar e manifestantes, uma nota de três parágrafos em que "lamenta" o ocorrido, diz que os enfrentamentos se deveram à "ação isolada" de um "grupo radical" que depredou patrimônio público, "resultando em cenas inadmissíveis dentro do ambiente universitário, no qual o diálogo deve ser sempre privilegiado".
Durante toda a tarde e a noite de ontem, a reitora Suely Vilela foi procurada para comentar o confronto. Desde o último dia 2, a Folha tenta obter uma entrevista com a reitora, sem sucesso. Foram feitos ao menos dez pedidos, todos negados.
A reportagem apurou que, sem aparecer publicamente, a reitora Suely Vilela acompanhou todas as etapas do confronto ocorrido ontem à tarde de dentro de seu gabinete, na reitoria. Ela chegou ao local às 9h30 e às 22h ainda encontrava-se no interior do prédio.
Vilela acompanhou pela televisão os confrontos, cercada apenas pelo seu estafe -o termo, usado na reitoria, designa o vice-reitor, Franco Lajolo, e o chefe de gabinete. Mas, ao lado do próprio prédio da reitoria, os carros da Força Tática descarregavam soldados. Era de lá que os PMs arremessavam bombas contra alunos e professores que se encontravam no vizinho prédio do Departamento de História, enquanto eram xingados por eles.
À noite, uma comissão de estudantes, professores e dois deputados estaduais foi recebida pelo vice-reitor Lajolo. Segundo informe dos docentes, Lajolo lhes prometeu a retirada da polícia do campus, com a condição de que cessassem os piquetes de greve.
O informe ainda era dado quando 12 carros da Força Tática estacionaram na reitoria, motivando protesto da professora Zilda Iokoi, da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas, um dos membros da comissão, que exigia o cumprimento do "acordo".
Os carros retiraram-se dos fundos da reitoria. Deram a volta no prédio e estacionaram defronte ao prédio.
Segundo a professora Iokoi, em momento algum o vice-reitor eximiu-se da responsabilidade pela intervenção da Polícia Militar no campus. Informação no mesmo sentido foi prestada pelo governador José Serra (PSDB), para quem a presença da PM no campus atendia a um pedido da reitoria.
"A questão é a seguinte: o governo está cumprindo ordem judicial. A reitora pediu segurança e o governo não tem alternativa senão cumprir a ordem judicial", afirmou Serra.
Por todo o dia, a reitora discutiu a crise da USP com membros do Conselho Universitário e diretores de unidade.
(LAURA CAPRIGLIONE)


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