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USP atribui confronto a ação de grupo radical
Em nota, reitoria disse lamentar enfrentamentos entre PM e alunos; episódio teve "cenas inadmissíveis", diz comunicado
Sem aparecer publicamente, a reitora Suely Vilela acompanhou os protestos; procurada pela Folha, ela não se manifestou
DA REPORTAGEM LOCAL
A reitoria da Universidade de
São Paulo emitiu ontem à noite, quatro horas depois dos confrontos entre a Polícia Militar e
manifestantes, uma nota de
três parágrafos em que "lamenta" o ocorrido, diz que os enfrentamentos se deveram à
"ação isolada" de um "grupo radical" que depredou patrimônio público, "resultando em cenas inadmissíveis dentro do
ambiente universitário, no qual
o diálogo deve ser sempre privilegiado".
Durante toda a tarde e a noite
de ontem, a reitora Suely Vilela
foi procurada para comentar o
confronto. Desde o último dia
2, a Folha tenta obter uma entrevista com a reitora, sem sucesso. Foram feitos ao menos
dez pedidos, todos negados.
A reportagem apurou que,
sem aparecer publicamente, a
reitora Suely Vilela acompanhou todas as etapas do confronto ocorrido ontem à tarde
de dentro de seu gabinete, na
reitoria. Ela chegou ao local às
9h30 e às 22h ainda encontrava-se no interior do prédio.
Vilela acompanhou pela televisão os confrontos, cercada
apenas pelo seu estafe -o termo, usado na reitoria, designa
o vice-reitor, Franco Lajolo, e o
chefe de gabinete. Mas, ao lado
do próprio prédio da reitoria,
os carros da Força Tática descarregavam soldados. Era de lá
que os PMs arremessavam
bombas contra alunos e professores que se encontravam no
vizinho prédio do Departamento de História, enquanto
eram xingados por eles.
À noite, uma comissão de estudantes, professores e dois deputados estaduais foi recebida
pelo vice-reitor Lajolo. Segundo informe dos docentes, Lajolo lhes prometeu a retirada da
polícia do campus, com a condição de que cessassem os piquetes de greve.
O informe ainda era dado
quando 12 carros da Força Tática estacionaram na reitoria,
motivando protesto da professora Zilda Iokoi, da Faculdade
de Filosofia, Letras e Ciências
Humanas, um dos membros da
comissão, que exigia o cumprimento do "acordo".
Os carros retiraram-se dos
fundos da reitoria. Deram a
volta no prédio e estacionaram
defronte ao prédio.
Segundo a professora Iokoi,
em momento algum o vice-reitor eximiu-se da responsabilidade pela intervenção da Polícia Militar no campus. Informação no mesmo sentido foi
prestada pelo governador José
Serra (PSDB), para quem a presença da PM no campus atendia a um pedido da reitoria.
"A questão é a seguinte: o governo está cumprindo ordem
judicial. A reitora pediu segurança e o governo não tem alternativa senão cumprir a ordem judicial", afirmou Serra.
Por todo o dia, a reitora discutiu a crise da USP com membros do Conselho Universitário
e diretores de unidade.
(LAURA CAPRIGLIONE)
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