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ISRAEL DIAS NOVAES (1920-2009)
O imortal da Academia Paulista tinha livros de fazer inveja
ESTÊVÃO BERTONI
DA REPORTAGEM LOCAL
Ao reunir todos os seus
poemas num livro, Machado
de Assis tomou um susto ao
ver que, na primeira edição, o
tipógrafo errara a palavra "cegara", usada no prefácio. O "e"
fora trocado por um "a".
Entre seus mais de 30 mil
livros, o presidente vitalício
da Academia Paulista de Letras, Israel Dias Novaes, um
apaixonado pela obra machadiana, guardava três exemplares das poesias completas.
Uma versão com o erro; outra com rabiscos do autor corrigindo a palavra; e uma terceira, arrumada pela editora.
A biblioteca de Israel, ocupante da cadeira três da academia e amigo de Mário de
Andrade, era de fazer inveja:
tinha cartas trocadas entre
dom Pedro 1º e a marquesa de
Santos e os originais de "Raízes do Brasil", de Sérgio Buarque de Holanda, com anotações do historiador à caneta.
Nascido em Avaré (SP), formou-se em direito pela USP
em 1943 e começou a trabalhar no "Correio Paulistano".
Durante os anos 50, foi secretário de Governo do então
governador de SP Jânio Quadros. Foi ainda deputado estadual e federal, até ser cassado pelo AI-5. No período em
que se manteve afastado da
política, tornou-se um "pecuarista amador". Com a
abertura, foi eleito outra vez
deputado federal pelo MDB.
Lançou cinco livros. Paul
González, seu editor, conta
que está organizando os textos do amigo publicados no
"Correio". A dificuldade é que
alguns não foram assinados.
Israel morreu sábado, aos
89, de falência de órgãos. Deixa cinco filhos e oito netos. A
missa de sétimo dia será terça, às 11h, na igreja Nossa Senhora do Brasil, em SP.
obituario@grupofolha.com.br
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