São Paulo, quarta-feira, 10 de junho de 2009

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ISRAEL DIAS NOVAES (1920-2009)

O imortal da Academia Paulista tinha livros de fazer inveja

ESTÊVÃO BERTONI
DA REPORTAGEM LOCAL

Ao reunir todos os seus poemas num livro, Machado de Assis tomou um susto ao ver que, na primeira edição, o tipógrafo errara a palavra "cegara", usada no prefácio. O "e" fora trocado por um "a".
Entre seus mais de 30 mil livros, o presidente vitalício da Academia Paulista de Letras, Israel Dias Novaes, um apaixonado pela obra machadiana, guardava três exemplares das poesias completas. Uma versão com o erro; outra com rabiscos do autor corrigindo a palavra; e uma terceira, arrumada pela editora. A biblioteca de Israel, ocupante da cadeira três da academia e amigo de Mário de Andrade, era de fazer inveja: tinha cartas trocadas entre dom Pedro 1º e a marquesa de Santos e os originais de "Raízes do Brasil", de Sérgio Buarque de Holanda, com anotações do historiador à caneta.
Nascido em Avaré (SP), formou-se em direito pela USP em 1943 e começou a trabalhar no "Correio Paulistano". Durante os anos 50, foi secretário de Governo do então governador de SP Jânio Quadros. Foi ainda deputado estadual e federal, até ser cassado pelo AI-5. No período em que se manteve afastado da política, tornou-se um "pecuarista amador". Com a abertura, foi eleito outra vez deputado federal pelo MDB.
Lançou cinco livros. Paul González, seu editor, conta que está organizando os textos do amigo publicados no "Correio". A dificuldade é que alguns não foram assinados. Israel morreu sábado, aos 89, de falência de órgãos. Deixa cinco filhos e oito netos. A missa de sétimo dia será terça, às 11h, na igreja Nossa Senhora do Brasil, em SP.

obituario@grupofolha.com.br


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