São Paulo, quinta-feira, 10 de junho de 2010

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Preso acusado de ter 7 filhos com a filha

Homem foi detido em flagrante em povoado no Maranhão; polícia diz que ele abusou da garota durante 16 anos

Filha, hoje com 29 anos, e crianças nunca haviam deixado o local; para delegada, eles estão traumatizados

EFE/Polícia Civil do Estado do Maranhão
Casebre onde, segundo a polícia, homem mantinha a filha e os sete filhos que teve com ela

GIULIANA MIRANDA
DE SÃO PAULO

Em um povoado isolado do interior do Maranhão, o lavrador José Agostinho Bispo Pereira, 54, foi preso em flagrante sob a acusação de abusar sexualmente da filha por mais de 16 anos.
As agressões, diz a polícia, começaram quando a menina tinha apenas 12 anos.
Moradores de um casebre de palha sem água e luz, os dois tiveram sete filhos, hoje com idades entre dois meses e 12 anos, que viviam também sob ameaça para não fugir do local, uma ilha na cidade de Pinheiro, terra natal do senador José Sarney (PMDB-AP), a 340 km de São Luís.
O vizinho mais próximo fica a um quilômetro.
De acordo com Adriana Meirelles, da Delegacia da Mulher de São Luís, um exame mostrou que o lavrador, preso anteontem, recentemente também abusou da filha-neta de cinco anos.
O lavrador teve oito filhos-netos, sete com Sandra, hoje com 29 anos, e um com outra filha, que fugiu meses atrás.
A mulher dele, mãe de Sandra, abandonou a família quando ela era pequena.
Quando os policiais chegaram à casa, duas crianças se assustaram e fugiram.

ISOLADOS
"Encontramos uma situação bem delicada nesse caso. Foi difícil convencer essas crianças e a moça a entrar no carro, por exemplo. Eles nunca tinham saído de lá. Quase não falam", diz a delegada.
Existe ainda uma oitava criança, que a polícia não conseguiu localizar. Há 40 dias, Sandra deu à luz um bebê que foi doado a um casal da região. Ela afirma não saber o paradeiro da família.
Pereira confessou, segundo a polícia, o abuso da filha mais velha, mas negou que tivesse estuprado a menina de cinco anos. A cidade de Pinheiro não tem Defensoria Pública e, por enquanto, ele está sem advogado.
Há dois anos um caso semelhante teve repercussão em todo mundo. O engenheiro aposentado Josef Fritzl foi condenado por estuprar e prender a filha no porão de sua casa, em Amstetten, na Áustria, por 24 anos. Eles também tiveram sete filhos.
O caso brasileiro só foi descoberto após uma denúncia anônima. A Polícia Civil chegou em canoas à casa, que não tem acesso por terra.
Para a polícia, vizinhos sabiam da situação, mas não tinham coragem de comentar.


Com colaboração para a Folha, de São Luís


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