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PLANOS DE SAÚDE
Relatório de novembro já recomendava acompanhamento de contratos antigos, alvo de reajustes de até 82%
CPI alertou governo sobre aumento abusivo
DA REPORTAGEM LOCAL
DA AGÊNCIA FOLHA, EM SALVADOR
Relatório da CPI dos Planos de
Saúde entregue em novembro do
ano passado ao governo já alertava sobre aumentos indevidos e a
necessidade de proteger os beneficiários dos contratos antigos, assinados antes da lei que regula o
setor, a 9.656, de 1998.
Parte desses contratos foi alvo
recentemente de aumentos de até
82% -considerados abusivos
por órgãos de defesa do consumidor. "É uma omissão total do governo", afirma Mário Scheffer,
membro do Conselho Nacional
de Saúde que foi um dos assessores da comissão.
A CPI recomendava o "acompanhamento, regulação e fiscalização dos contratos antigos pela
ANS (Agência Nacional de Saúde
Suplementar)", com base no Código de Defesa do Consumidor.
Na quarta-feira a agência anunciou que poderá multar as empresas, mas não com base no código.
Isso significa que, se o aumento
dado estiver previsto no contrato,
nada poderá fazer -pelo código,
poderia questionar a relação desigual entre empresa, que impõe o
aumento, e o consumidor, lado
mais fraco da relação.
A assessoria de imprensa da
ANS informou ontem que o assunto "está esgotado" e que só o
ministro da Saúde, Humberto
Costa, falaria sobre o tema.
Em agosto de 2003, o STF (Supremo Tribunal Federal) decidiu
que a lei atual não se aplica a contratos anteriores a ela. Com isso,
caiu a necessidade de as empresas
seguirem os aumentos aprovados
pelo governo -11,75% neste ano
-, e as operadoras "ressuscitaram" índices de contratos antigos.
O relatório informa que logo
após a decisão do STF a ANS divulgou nota para que os consumidores não aceitassem reajustes indevidos "até a completa regulamentação da matéria". "A advertência da agência, no entanto, tem
sido insuficiente para garantir o
direito do usuário", alerta a CPI.
À comissão, o procurador de
Justiça Marco Antonio Zanellato,
coordenador das Promotorias de
Justiça do Consumidor do Estado
de São Paulo, apontou que a decisão do STF "não anula o entendimento da jurisprudência, que hoje é praticamente pacífico, de que
diversas cláusulas desses contratos (...) são abusivas".
O ministro Humberto Costa
disse à CPI ser "fundamental para
a saúde do sistema, para a garantia dos direitos dos usuários, que
nós eliminemos essa convivência
nefasta entre planos antigos e novos. Isso significa que temos de
criar instrumentos para que
aconteça essa transição, que ela se
faça, se possível, de forma coletiva. (...) que o peso dela sobre os
usuários seja o menor possível."
A Justiça barrou plano criado
pelo governo para adequar contratos antigos à lei atual por considerar que, no incentivo do usuário à mudança, não foi levado em
conta que quem ficasse nos contratos antigos estaria protegido
pelo Código de Defesa do Consumidor. A partir de agora, o governo estimulou os órgãos de defesa
do consumidor a aplicar multas
com base no código.
Ontem, a Justiça baiana proibiu,
a pedido do Ministério Público do
Estado, que a SulAmérica Saúde
reajuste seus planos com índice
superior a 11,75%. A sentença estabelece que a empresa não poderá adotar "qualquer sanção, retaliação ou medida que impeça, dificulte ou reduza a cobertura dos
contratos assinados...".
Por meio de nota, a SulAmérica
assegurou que cumprirá a determinação judicial assim que for
notificada.
(FABIANE LEITE e LUIZ FRANCISCO)
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