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Ataques matam dois policiais em SP
Sargento levou 19 tiros em frente à drogaria em Ermelino Matarazzo; em outra ação, PM foi morto em bar em Heliópolis
Bases da PM na zona leste tiveram a segurança reforçada; secretaria investiga se casos têm relação com a facção PCC
DA REPORTAGEM LOCAL
DO "AGORA"
Policiais militares foram alvo
de ao menos quatro ataques em
São Paulo entre a noite de anteontem e a madrugada de ontem, agravando os temores de
atentados contra a corporação.
A polícia ainda investiga se os
crimes estão ligados ao PCC
(Primeiro Comando da Capital), facção que, em maio, deu
início à maior onda de ataques
às forças de segurança no Estado e, desde 28 de junho, teria sido responsável pela morte de
cinco agentes penitenciários.
Nos novos crimes, um PM e
um sargento da reserva foram
assassinados. Outros dois policiais militares foram alvo de
ataques, mas não se feriram.
Uma das mortes ocorreu em
Heliópolis, na zona sul. O PM
José Tibiriçá da Silva, 34, foi
morto a tiros por volta das 23h
de anteontem, num bar em
frente de casa, logo depois de
chegar do trabalho.
Um tio dele disse que dois
homens entraram e foram em
direção do PM. Sem dizer nada,
eles dispararam, segundo ele,
16 tiros -informação não confirmada pela polícia. O PM morava no bairro havia 20 anos. A
família afirmou suspeitar de
um atentado do PCC sob a alegação de que ele não havia reclamado de ameaças.
Em outro crime, um sargento
da reserva da PM foi assassinado com 19 tiros na saída de uma
drogaria, na estrada de Mogi
das Cruzes, 2.700, em Ermelino Matarazzo, na zona leste.
Ele trabalhava como segurança
para os comerciantes do bairro.
Segundo testemunhas, Roberto Alves da Silva, 47, tinha
acabado de entrar na drogaria,
onde também fazia vigilância.
Quando saía, foi baleado por
homens que fugiram de moto.
O secretário da Segurança
Pública, Saulo de Castro Abreu
Filho, minimizou a ligação da
morte com ações do PCC. "É
uma questão envolvendo discussão pessoal. Foi um policial,
mas poderia ter sido um médico, eu, qualquer um, mas estou
dizendo que é uma fatalidade."
Parentes e amigos, porém, dizem que a vítima não tinha inimigos ou sofrido ameaças.
O sargento estava com um
revólver. Segundo amigos, nove
meses atrás ele trocou tiros
com dois assaltantes, mas nunca sofreu ameaça. Era casado e
pai de uma jovem de 25 anos
que sonha em ser delegada.
Na zona sul, uma bomba caseira foi lançada anteontem à
noite no quintal da casa de um
PM, mas não deixou feridos. A
polícia diz que ele não estava no
local no momento do ataque.
O segundo ataque contra um
PM foi na rodovia Ayrton Senna, em Guarulhos. Por volta das
5h35, Valdo Leôncio de Lima,
30, estava dentro do carro, a caminho do trabalho. Dois homens em uma moto se aproximaram e dispararam tiros na
frente e na traseira do veículo.
O PM não se feriu. Ele não
conseguiu identificar os criminosos. Relatou ainda que não
havia sofrido ameaças.
Com receio de ataques, bases
da PM na zona leste foram cercadas por fitas e cones. As bases
da PM em Ermelino Matarazzo, São Miguel e Tatuapé tiveram as ruas no entorno interditadas. Segundo policiais ouvidos pela reportagem, a orientação para reforçar a segurança
partiu do comando da corporação na madrugada de ontem.
Questionada sobre a morte
de policiais em São Paulo, a assessoria de imprensa da Secretaria da Segurança Pública chegou a omitir durante toda a tarde de ontem a existência de
parte dos novos casos, embora
tivesse conhecimento deles.
À noite, a pasta acrescentou
que dois policiais civis morreram no interior, mas por latrocínio (roubo seguido de morte).
O governador Cláudio Lembo (PFL), mesmo com as mortes mais recentes, procurou minimizar ontem os novos crimes
sob a alegação de que os momentos piores já passaram.
Lembo admitiu que "a qualquer momento pode haver novos ataques", mas disse que São Paulo está preparado. Hoje divulgará medidas para a segurança de agentes.
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