São Paulo, terça-feira, 10 de julho de 2007

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Achado túnel em presídio onde estão condenados por furto ao BC

Buraco é semelhante ao que foi utilizado em 2005 para levar R$ 164,7 mi do banco, em Fortaleza

A passagem subterrânea de 51 metros ligava uma casa abandonada à prisão, tinha luz e ventilação e estava a 2 metros de profundidade

KAMILA FERNANDES
DA AGÊNCIA FOLHA, EM FORTALEZA

As polícias Militar e Civil do Ceará impediram na manhã de anteontem uma fuga em massa do Instituto Penal Presídio Olavo Oliveira, em Itaitinga (região metropolitana de Fortaleza), por um túnel de 51 metros escavado a partir de uma casa abandonada.
Segundo denúncia anônima, o túnel, semelhante ao usado no maior furto da história do país -R$ 164,7 milhões levados em agosto de 2005 do Banco Central em Fortaleza-, tinha o objetivo de libertar cinco condenados por envolvimento no mesmo crime.
A passagem subterrânea já tinha cruzado o muro e avançado dentro do presídio. Contava com luz, ventilação e até ar-condicionado -tudo igual ao túnel do furto ao BC.
A escavação estava a dois metros de profundidade. Faltava apenas subir até o piso do presídio, que tem capacidade para 500 presos. Há 140 presos na ala onde o túnel terminaria.
A casa de onde partia a escavação fica a 17 metros do muro da cadeia, em área invadida. Um homem foi preso no local, mas não disse nada à polícia. "Aparentemente parece ter sido alguém contratado para escavar, não demonstra ser quem financiou tudo. E, com medo de morrer, não disse nada", afirmou o delegado Jacob Stevenson, que investiga o caso.
A estimativa da polícia é que o túnel estivesse sendo escavado havia pelo menos um mês. Na casa havia mantimentos, geladeira, roupas e ligações clandestinas de energia elétrica e água. Stevenson calcula que pelo menos R$ 10 mil tenham sido investidos na escavação.
Dos cinco condenados que cumprem pena no local por envolvimento no furto ao BC, o secretário da Justiça, Marcos Cals, informou o nome de quatro: Marcos de França, Antônio Edimar Bezerra, Davi Silvano e Deusimar Neves Queiroz.
Os quatro foram condenados pela Justiça Federal -os dois primeiros a 53 anos de prisão e os dois últimos, a 47 anos. Também terão de pagar multas que, somadas com as dos outros sete condenados, chegam a R$ 33,2 milhões. Eles podem recorrer.
Deusimar é um ex-vigilante que já trabalhou no BC e que foi acusado de vender informações à quadrilha. Os outros foram presos por participar das escavações e por esconder R$ 12,2 milhões em uma casa.
A denúncia anônima dizia que a fuga ocorreria na noite de domingo e que seria feita para beneficiar os envolvidos no furto ao BC. O delegado Stevenson disse que quer ouvir os presos.
O secretário da Justiça disse que vai tentar desalojar a área invadida o quanto antes, para mantê-la como um terreno de segurança. O túnel deve ser fechado com concreto.


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