São Paulo, quinta-feira, 10 de julho de 2008

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Justiça decreta prisão de PMs acusados de matar garoto no Rio

O cabo William de Paula e o soldado Elias Gonçalves da Costa Neto foram transferidos para o Batalhão Especial Prisional

Para não terem seus rostos registrados pelas câmeras de TV, esconderam-se atrás de colchões com a ajuda de outros policiais do batalhão

DA SUCURSAL DO RIO

A Justiça do Rio decretou anteontem à noite a prisão temporária por 30 dias do cabo William de Paula e do soldado Elias Gonçalves da Costa Neto, acusados de serem os responsáveis pela morte do menino João Roberto Amorim, 3. Eles foram transferidos para o BEP (Batalhão Especial Prisional) na madrugada de ontem.
Para não terem seus rostos registrados pelas câmeras de TV, os dois se esconderam atrás de colchões. Eles contaram com ajuda de policiais do batalhão. O comandante do BEP, tenente-coronel Genésio Lisboa Neves Júnior, não comentou o caso.
Eles foram alojados em celas separadas, mas não estão isolados dos outros policiais presos. Os PMs receberam a visita de familiares ontem. Eles permaneceram toda a tarde no local e não quiseram dar entrevistas. Os policiais não têm advogado.
Os PMs foram indiciados pela Polícia Civil sob acusação de homicídio doloso qualificado (com intenção de matar e sem dar chance de defesa à vítima). Depois de perseguir um carro roubado, abriram fogo contra o carro em que estava João Roberto, junto com sua mãe, Alessandra Amorim Soares e seu irmão de 9 meses.
Os policiais afirmaram à polícia que o veículo estava na linha de fogo e que estavam trocando tiros com os bandidos. Para a Polícia Civil, eles confundiram o carro de Alessandra com o dos bandidos.
O delegado-titular da 19ª DP (Tijuca), Walter Alves Oliveira, ouviu ontem uma testemunha que confirmou a versão dos PMs de que houve perseguição policial. Esta testemunha, no entanto, não estava no local dos disparos. Ele aguarda a perícia no carro e no local, além do laudo cadavérico do menino feito pelo Instituto Médico Legal.

Córneas doadas
Uma das córneas de João Roberto foi doada ontem para a menina Larissa, 8. O transplante foi realizado pela manhã no Hospital Municipal de Piedade (zona norte). Ela perdeu 65% da visão em razão de complicações de uma conjuntivite, segundo informações da Secretaria Municipal de Saúde. A outra córnea será transplantada hoje para um menino.
As córneas foram retiradas depois que os aparelhos que mantinham João Roberto foram desligados, na segunda-feira. Não foi possível aproveitar os outros órgãos do menino.
"Ela vai continuar a vida dela e ter um pouco de prazer em viver. Agradeço a Deus e quero que eles sejam felizes. Para mim acabou, porque meu filho está morto", afirmou o pai do menino, o taxista Paulo Roberto Soares.
O transplante a ser realizado no menino será o último no Rio de Janeiro em algum tempo. O banco de olhos vai encerrar suas atividades no Estado por falta de verba. De acordo com a Secretaria Estadual da Saúde, a empresa que administra o banco tem dívida previdenciária e não pode mais ser contratada pelo poder público. O Estado procura outra empresa habilitada para o serviço.


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