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Enem terá horário especial para religiosos
Candidatos de religiões que guardam o sábado poderão fazer o exame após o pôr do sol, mas terão de chegar antes das 13h
Esses alunos esperarão numa sala separada das 13h até por volta das 18h; adventistas elogiam, mas judeus apontam problemas
PATRÍCIA GOMES
DA REPORTAGEM LOCAL
O Inep (órgão do MEC responsável pelo Enem) dará aos
estudantes religiosos que guardam o sábado a oportunidade
de fazer o Enem só depois do
pôr do sol. A medida deve envolver principalmente vestibulandos adventistas e judeus.
Neste ano, o Enem terá, pela
primeira vez, uma parte realizada no sábado e outra no domingo (3 e 4 de outubro).
No dia do exame, todos os
inscritos entrarão no local de
prova juntos, até as 12h55. Os
candidatos que solicitarem o
horário especial esperarão em
uma sala separada. Eles não terão acesso a livros ou meios eletrônicos durante a espera.
Com horário provável de início às 18h, a prova, de até quatro
horas e meia, poderá terminar,
nesses casos, às 22h30.
Os candidatos que ainda não
se inscreveram devem pedir o
atendimento especial na ficha
de inscrição (http://enem.inep.gov.br). Quem já se inscreveu pode inserir a solicitação no sistema de acompanhamento até o dia 17, quando se
encerram as inscrições.
Ronaldo Alberto de Oliveira,
pastor da Igreja Adventista do
7º Dia de Moema (zona sul de
SP), considerou a notícia positiva: "Mesmo sendo cansativo
para o aluno, isso é excelente. É
a forma que se encontrou para
viabilizar a prova para os jovens adventistas".
O pastor lembra que a medida não é nova. "Algumas universidades já adotam esse procedimento", afirma.
Já na comunidade judaica,
foram apontados problemas.
De acordo com as normas da
religião, os judeus não podem
andar de carro, pegar ônibus ou
metrô, carregar objetos ou escrever -entre outras proibições- do pôr do sol de sexta ao
pôr do sol de sábado.
A médica judia Mônica Katz,
mãe de uma vestibulanda do
Rio, diz que, para que a medida
desse certo, seria preciso uma
boa infraestrutura.
"Minha filha não poderia
carregar nada, nenhum documento, nenhuma comida para
esperar esse tempo todo. Numa situação em que ela tivesse
tudo isso e pudesse ir a pé, tudo
bem. Ela ficaria esperando até
o começo da prova. Mas seria
preciso uma logística muito
grande para poucas pessoas."
O Inep diz que só definirá a
logística após saber a demanda
pelo atendimento especial.
Os judeus enfrentam ainda
outro problema. A comunidade
comemora, dos dias 2 a 8 de outubro, um feriado religioso (Sucot) que também impõe restrições às atividades, o que inviabiliza a prova tanto no sábado
quanto no domingo.
"É uma pena, porque a minha filha se preparou a vida escolar inteira dela e agora só vai
poder fazer a prova da Uerj
[que, diferentemente das federais do Rio, não usará o Enem
como forma de seleção]."
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