São Paulo, domingo, 10 de julho de 2011

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Pais aproveitam férias escolares para espionar os filhos

Detetives são contratados para descobrir casos de uso de drogas e até mesmo a orientação sexual dos jovens

Monitorar adolescentes chega a custar mais de R$ 3.000; profissionais dizem que busca pelo serviço cresce em julho

DIANA BRITO
DO RIO
GIBA BERGAMIM JR.
DE SÃO PAULO

Com microfilmadoras na lapela, dois detetives ficaram por um mês na cola do adolescente G., 16, para descobrir que ele usava maconha e ecstasy.
Eles foram contratados por R$ 3.500 pelo pai do garoto. "Chamei meu filho, reuni a família e mostrei as filmagens. Ele ficou envergonhado e parou com as drogas", diz S.T., 57, analista de cobrança.
Casos como o de G. acontecem o ano inteiro, mas agora, nas férias de julho -longe do controle da escola-, abre-se uma temporada "favorável" aos detetives particulares.
Segundo a Central Única Federal dos Detetives do Brasil, dez famílias procuraram o serviço este mês em Brasília e na capital paulista.
Apesar do órgão não tabular os casos nos outros meses do ano, a percepção dos detetives é que em julho esse tipo de trabalho aumenta.
Do detetive, os pais esperam uma explicação para o fato de os filhos com idades entre 15 e 17 anos terem optado por ficar sozinhos em casa em vez de viajar com os pais.
São várias as preocupações com os adolescentes, a maioria de classe média: consumo de drogas, namorado novo, rotina, amigos e até saber se o filho é homossexual.
Os pais podem escolher a vigilância diária do filho, a instalação de programas de monitoramento no celular, no computador, no carro e até no forro de uma mochila.
"Não é necessário autorização judicial pois você vai fazer a gravação no seu próprio aparelho e não no de outra pessoa", justifica o presidente da Central Única Federal dos Detetives, Edilmar Lima
"Também não se trata de invasão de privacidade. Se a pessoa está cometendo um ato de traição ou faz parte de tribos como skinheads, ou algo ilegal, é direito dos pais controlar isso. Enquanto fica entre os responsáveis, não configura crime", acrescenta.
O pai de G. já vinha sendo alertado que o adolescente estaria "andando com gente estranha". "Eu não tinha tempo nem meios. Por isso, achei melhor chamar ajuda."

SEXUALIDADE
O detetive Luiz Gomes conta que, em 2010, atendeu 15 clientes desconfiados das atitudes dos filhos, no Rio. No primeiro semestre deste ano, já chega a 12 o número de casos, sendo quatro deles relacionados à homossexualidade dos adolescentes.
"Os pais nos procuram mais quando aparecem matérias jornalísticas na TV e no jornal de jovens de classe média sendo presos com uma vida estabilizada por estarem envolvidos com o tráfico de drogas", diz.


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