São Paulo, domingo, 10 de julho de 2011

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Santos tem problemas de metrópole

Em franco crescimento econômico, município do litoral paulista tem de enfrentar trânsito e alto custo dos imóveis

Investimentos no porto e do pré-sal fazem cidade rever perfil de destino de idosos e balneário de férias

ANDRÉ LOBATO
BRUNO RIBEIRO
NATÁLIA ZONTA
DE SÃO PAULO

Férias, aposentados, porto. Nos últimos quatros anos, Santos (72 km de SP) passou a rever sua identidade.
A expansão econômica promove mudanças na cidade ao mesmo tempo em que atrai os problemas que atormentam os grandes centros.
Vivendo as expectativas em torno da exploração do pré-sal, Santos se anima com a chegada da Petrobras, que começou na última quarta a construção de uma das três torres que erguerá no bairro Valongo. A primeira deve ficar pronta em 2013.
Outro projeto deve dobrar o tamanho do maior porto do país e atrair investimentos de cerca de R$ 6 bilhões.
Um dos primeiros reflexos dessas perspectivas é a disparada dos custos. "Percentualmente, o preço dos imóveis cresceu mais do que em SP em 2010", diz Celso Luiz Petrucci, diretor do Secovi (Sindicato da Habitação).
Segundo Marcelo Melo, diretor da construtora Gafisa, em 2007 o metro quadrado de um apartamento custava cerca de R$ 2.800. Hoje, sai por R$ 6.000.
O problema é que a cidade continua sendo uma ilha de 39 km2. E o trânsito se tornou uma questão importante.
Na Bolsa do Café, prédio histórico no centro santista, David Oliveira da Silva, 31, e sua mulher, Ariane, 26, contam que estão de mudança para a Praia Grande, a 10 km dali. "Os preços dos imóveis estão muito altos", diz ela.
No mesmo local, Thiago Quintas, 35, e Julia Mendes, 34, afirmam: "Nascemos aqui e criaremos nossos filhos aqui". Mas, para ela, a cidade está no limite. "Está muito trânsito."
Proporcionalmente, Santos tem mais veículos do que a capital paulista: são 1,7 habitante por carro contra 1,6 em São Paulo.
A cidade espera, há décadas, por uma ligação terrestre com o Guarujá.
É de bicicleta que o santista dribla os engarrafamentos. Hoje, há 19 km de ciclovias na cidade.
Nas próximas semanas, segundo a prefeitura, o governo do Estado deve iniciar a licitação de um trem leve que ligará a cidade ao restante da Baixada Santista. O governo não confirma.

MAIS JOVENS
Conhecida por seus idosos, Santos se tornou uma das moradias preferidas dos universitários, 12 % da população local. São 21 instituições de ensino superior, que vão ganhar um nome de peso: a USP está criando um campus na cidade, o primeiro na baixada.
Já no próximo vestibular da Fuvest, serão oferecidas dez vagas para o curso de engenharia de petróleo. Segundo a USP, esse número deve subir para 50. Mas o prédio que abrigará o campus, cedido pela prefeitura, ainda não começou a ser reformado.


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