São Paulo, sexta, 10 de julho de 1998

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DE VOLTA AO LAR
Eles passaram dificuldades no Japão e retornaram com ajuda de empresas
Chegam ao país dekasseguis "resgatados'

RICARDO ZORZETTO
da Reportagem Local

Ontem pela manhã, chegaram ao país os primeiros dekasseguis (brasileiros que foram para o Japão em busca de emprego) auxiliados por uma operação montada por duas empresas e uma associação brasileira. Essa ação está ajudando dekasseguis em dificuldade a voltar ao Brasil. Às 7h45, Minoru Kubota, 56, Júlia Kubota, 51, e Luciana Shigahara desembarcaram no aeroporto de Cumbica, em Guarulhos, do vôo 895 da Vasp, proveniente de Osaka, no Japão. A operação de resgate teria sido promovida Asibras (Associação do Imigrante no Brasil), pela Vasp e pela Nipomed (empresa de serviços de saúde). A

Folha entrou em contato com a Nipomed e a Vasp ontem, mas não encontrou ninguém da administração ou da assessoria das empresas para confirmar a operação.
Simone Kubota, filha do casal que chegou ontem a São Paulo, confirmou que as passagens aéreas de seus pais foram pagas pela Vasp e que a Nipomed ofereceu assistência médica gratuita a seu pai, que está doente.
Minoru Kubota foi internado ontem mesmo no Hospital São Paulo devido a problemas de saúde. Até o final da tarde, Simone não sabia informar o estado do pai. Ela disse apenas que ele estava passando por exames.
Segundo Simone, seus pais, seu irmão e um primo foram para o Japão em março em busca de emprego. Os quatro moravam juntos na cidade de Hamamatsu.
Depois de passar cerca de um mês e meio desempregado, Minoru conseguiu trabalho em uma fábrica de rodas para carros.
No início de junho, ele adoeceu e teve de ser internado em um hospital particular da cidade, pois não possuía seguro-saúde.
Simone disse que a situação por que os seus pais passaram foi bastante complicada. Eles haviam pedido dinheiro emprestado a parentes para viajar.
Como ficou internado por um mês, Minoru acabou desempregado. Para piorar a situação, Júlia também foi despedida após os primeiros dias de internação do marido, por ter de faltar no emprego para visitá-lo.
O irmão de Simone, Luciano, havia saído da empresa em que trabalhava e só conseguia serviço por poucos dias.
Para pagar os gastos do hospital, a família recorreu à prefeitura da cidade e a parentes que moram no Japão. De acordo com Simone, os pais tomaram a decisão de voltar ao Brasil por ter mais opções de tratamento para seu pai e por não haver a barreira da língua.




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