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SAÚDE
Diretores de hospitais federais são acusados de renovar, sem licitação, contratos a preços superfaturados
Dirigentes são processados por fraudes
FERNANDA DA ESCÓSSIA
da Sucursal do Rio
Catorze diretores e ex-diretores
de hospitais federais no Rio estão
sendo processados sob acusação
de improbidade administrativa
-eles teriam renovado, sem licitação, contratos a preços superfaturados com empresas fornecedoras de gases medicinais.
O Ministério Público Federal no
Rio entrou com a ação na Justiça
Federal anteontem.
O superfaturamento chegaria a
R$ 139 mil por mês, cerca de R$
1,6 milhão por ano, em valores de
setembro de 1998, segundo dados
da auditoria do Ministério da Fazenda realizada nos hospitais no
ano passado. Essa auditoria embasou a ação de improbidade.
Dos 14 denunciados, 5 continuam exercendo cargos de direção: Carlos Scherr, diretor do
Hospital de Cardiologia de Laranjeiras, Paulo César Rondinelli, diretor do Instituto de Traumato-Ortopedia, Victor Grabois, diretor do Hospital do Andaraí, Maria
Clinete Sampaio Lacativa, diretora da divisão médica do Hospital
dos Servidores, e José Kogut, vice-diretor do Inca (Instituto Nacional de Câncer).
Os outros acusados já foram, de
acordo com a gerência do Ministério da Saúde no Rio, afastados
da direção dos hospitais.
Os contratos foram firmados
entre 1994 e 1998 com as empresas
White Martins e Aga S/A, únicas
fornecedoras de gases medicinais
usados em procedimentos como
anestesia e esterilização.
A auditoria do Ministério da Fazenda constatou uma diferença
de preços de até 494% para o mesmo produto, fornecido pela mesma empresa.
O metro cúbico de oxigênio líquido, por exemplo, era vendido
pela White Martins ao Hospital
de Jacarepaguá (hoje municipalizado) por R$ 1,85. O Hospital Geral de Bonsucesso pagava, pelo
mesmo produto, R$ 11,00.
Todos os preços estavam acima
da média cobrada, pelas mesmas
empresas, dos hospitais da rede
municipal. No caso do oxigênio
líquido, por exemplo, a rede municipal pagava R$ 3,41 pelo metro
cúbico. Pelo quilo de óxido nitroso, a Aga cobrava R$ 12,87 da rede
municipal e R$ 18,97 do hospital
da Piedade.
O Ministério Público alega que
os contratos -já com preços supostamente superfaturados- foram prorrogados automaticamente, sem pesquisa de preços e
sem nova licitação, causando ao
patrimônio público dano de valor
não calculado.
"Não posso aceitar a renovação
automática de contratos para fornecimento, algo absolutamente
previsto na rotina de um hospital.
Se fosse uma emergência, uma
obra, seria compreensível, mas
não para fornecimento", afirma o
procurador Rogério Nascimento,
que propôs a ação.
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