CLAUDIO LIZA JUNIOR
DA FOLHA CAMPINAS

A Shell Brasil pretende usar os mesmos exames que sustentam uma ação civil pública pelo Ministério Público contra ela -por suposta contaminação de moradores do bairro Recanto dos Pássaros, em Paulínia (SP)- para fazer a sua defesa no caso.
O médico toxicologista contratado pela empresa, Flávio Zambroni, disse ontem que interpreta de forma diferente os dados da mesma análise, que foi encomendada pela Prefeitura de Paulínia.
Para ele, os índices gerais de contaminantes encontrados nos exames são pequenos e podem ser verificados em pessoas que vivem em países onde nunca foram instaladas fábricas de pesticidas, como a Groenlândia.
A interpretação de Zambrone foi realizada com base em dados preliminares dos exames feitos em maio e obtidos recentemente pela Shell, por meio de requisição judicial.
Os exames foram feitos pelo Ceatox (Centro de Assistência Toxicológica), da Unesp (Universidade Estadual Paulista), a pedido da Prefeitura de Paulínia. Segundo a prefeitura, há a contaminação de pelo menos 80% das 200 pessoas analisadas.
De acordo com a advogada da Shell, Ângela Bastos, a empresa espera receber todo o teor da análise feita em maio para apresentar sua defesa.
A médica da Vigilância Sanitária de Paulínia, Claudia Guerreiro, considerou "absurda" a posição divulgada pela Shell.
"Esse tipo de posição deles é um desrespeito à Prefeitura de Paulínia, ao Ministério Público e à Justiça do Brasil, que concedeu em duas instâncias liminares para retirada de moradores do local com base nos exames", disse.



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