São Paulo, quinta-feira, 10 de agosto de 2006

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Lembo diz que os ataques são "pequenos e ridículos"

O governador afirmou que virou um modismo trágico e estúpido fazer atentados

Em Piracicaba, onde participou de inaugurações, ele disse que Exército já está atuando em São Paulo, mas em inteligência e logística


MAURÍCIO SIMIONATO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM PIRACICABA

O governador de São Paulo, Cláudio Lembo (PFL), disse, ontem, em Piracicaba (162 km de SP), que a nova onda de ataques "virou um modismo trágico e estúpido". E afirmou que um Exército "aparente" nas ruas é desnecessário.
"Claro que tem muitos oportunistas [agindo], e, mais do que isso, virou um modismo trágico e estúpido fazer ataque. São adolescentes fazendo pequenos ataques, ridículos e estúpidos. Isso é uma crise de identidade pessoal e de valores que nós estamos vivendo no Brasil", afirmou o governador.
Sobre as especulações de que rebeliões possam ocorrer no próximo domingo, ele disse que sairá para o almoço no Dia dos Pais."Vou sair normalmente com a minha família. Claro que pode haver surtos e imprevistos, e nós não podemos garantir quanto aos imprevistos."
O governador disse ainda que o Exército já está atuando no Estado. "A realidade nem sempre é muito aparente. O Exército está em São Paulo. Eles estão trabalhando com a gente diariamente em inteligência e em logística. O que vocês querem é um Exército aparente nas ruas, e isso é desnecessário."
Em meio aos ataques no interior do Estado, Lembo entregou ontem em Piracicaba carros para a PM, inaugurou a sede do Comando de Polícia do Interior da PM e uma unidade de semi-internação da Febem e vistoriou o Casa (Centro de Atendimento Socioeducativo ao Adolescente) -novo nome que será dado para a Febem.
Para Lembo, o governo federal não faz pressão política sobre o governo do Estado ao oferecer ajuda do Exército. "Eu não vejo problema político nenhum. Eu tenho relacionamento perfeito com Brasília, com o presidente Lula, com o Exército e não vejo nenhuma posição político-eleitoral e pressão. Não há pressão."
A respeito da liberação dos R$ 100 milhões por parte da União, disse que o total "é pouco", mas que o dinheiro chegará. "Eu já disse que R$ 100 milhões para São Paulo é importante, mas nós precisaríamos na verdade de R$ 700 milhões."
Sobre a declaração do secretário da Segurança Pública do Estado, Saulo de Castro Abreu Filho, que afirmou anteontem na "Rede Bandeirantes" que o PT está por trás do ataques, Lembo disse que "o secretário responde por suas afirmações".
"Eu diria que foi uma afirmação do secretário, e ele responde por suas afirmações. Eu não gostaria jamais de ingressar no tema político-eleitoral e político-partidário. Eu acho que nós temos de preservar as instituições e uma forma de preservá-las é preservar os partidos."
O PT informou que entrará com uma notícia-crime por calúnia, injúria e difamação contra Saulo. O presidente Lula declarou ontem que "o secretário tinha que ser mais sensato". Durante cerimônia da inauguração de uma unidade do Casa, Lembo provocou risos na platéia ao agradecer a participação no projeto da União Espírita de Piracicaba. "Gostaria de agradecer a participação das comunidades locais e organizações não-governamentais, como a União Espírita de Piracicaba (...). Em breve eu vou precisar muito de vocês.
Para me comunicar."

Vídeo
A Folha recebeu ontem um CD contendo um vídeo com um suposto comunicado do PCC. Um homem com gorro ninja deixando à vista apenas os olhos lê um texto sobre o que chama de "violência do sistema penitenciário". Na parede, lê-se "PCC luta pela [sic] injustiça carcerária -paz e justiça". A câmera mostra armas dispostas no chão. Há três fuzis AK-47, 11 bananas de dinamite, sete pistolas, além de nove granadas e coquetéis molotov. Na gravação, o homem diz: "Não mexam com nossas famílias que não mexeremos com as de vocês. A luta é nós e vocês".


Colaborou LAURA CAPRIGLIONE, da Reportagem Local

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