São Paulo, quinta-feira, 10 de agosto de 2006

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Ataques atingiram 70 agências de banco desde maio

Terceira onda de atentados do PCC foi a que visou mais os bancos, segundo dados da Secretaria da Segurança Pública

Febraban diz que não contabilizou o número de unidades destruídas nem sabe informar qual é o valor do prejuízo causado


FERNANDA BASSETTE
DA REPORTAGEM LOCAL

Com o ataque de mais duas agências bancárias na madrugada de ontem -uma do Bradesco e outra da Nossa Caixa Nosso Banco-, sobe para 70 o número de bancos e caixas eletrônicos que foram alvo de ações criminosas atribuídas aos membros do PCC desde o inícios dos ataques, em maio.
Segundo levantamento da Secretaria da Segurança Pública, na primeira onda de ataques, em maio, 17 bancos foram atingidos; na segunda, em julho, foram 16; e nessa última já são pelo menos 36.
As agências foram atingidas por bombas caseiras, coquetel molotov ou disparos -sempre durante a madrugada e sem deixar ninguém ferido.
Apesar do aumento do número de bancos atacados, a Febraban (Federação Brasileira de Bancos) informou que não contabilizou o número de agências atingidas nem qual é o valor do prejuízo.
Segundo a Febraban, as agências não mudaram as normas de segurança e vão continuar atendendo normalmente.
Na agência do Bradesco, na avenida Giovanni Gronchi (Morumbi), as portas de vidro foram perfuradas por vários disparos. Parte do forro do teto precisou ser trocado.
"Olha isso. Está tudo perfurado. Acho que eles [autores do ataque] queriam mesmo destruir a agência", disse Luís Carlos, 38, cliente do banco.
A Folha tentou conversar com os gerentes da agência, mas um segurança disse que eles estavam ocupados.
Na agência da Nossa Caixa Nosso Banco, na rua Teodoro Sampaio, a situação não foi diferente. O vidro da porta principal ficou destruído com a explosão de uma bomba.
Segundo a assessoria de imprensa da Nossa Caixa, não houve grandes prejuízos porque apenas dois vidros tiveram de ser trocados.
"O barulho foi tão forte que pensei que fosse cair uma tempestade. Saí na janela e vi que o tempo estava normal. Não entendi nada, achei que era algum problema na [av.] Paulista."
Foi com essas palavras que o administrador de empresas Cláudio de Campos, 48, descreveu o barulho da explosão que atingiu a agência da Nossa Caixa na rua Teodoro Sampaio.
Campos mora em um prédio que fica praticamente ao lado do banco. Ele disse que estava assistindo televisão com sua mulher quando ouviu a explosão. "Não fazia idéia de que era um ataque, muito menos de que era um ataque ao lado de casa. A sensação de insegurança está cada vez maior", disse.
Para a dona-de-casa Ângela (nome fictício), o medo da violência foi ainda maior. Vizinha da agência do Bradesco que foi atacada no Morumbi, ela estava acordada esperando o marido chegar do trabalho no momento em que o prédio foi metralhado.
"Meu marido é gerente de um restaurante e sempre chega por volta das 2h. Os disparos foram por volta da 1h45. Fiquei desesperada e corri para a porta para ver se ele estava chegando ou se tinham atingido alguém. Foi horrível", disse.


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