São Paulo, domingo, 10 de agosto de 2008

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Homens reclamam de pressões de mulheres

Potenciais pais reclamam de mulheres que exigem filhos; psicóloga diz que homem pode idealizar modelo de pai inatingível

Para psicóloga, em alguns casos homens idealizam um modelo de pai inatingível; em caso de impasse, a relação deve ser reavaliada

DA REPORTAGEM LOCAL

Jovens, solteiros, bem-sucedidos e bonitões, potenciais pais dizem não ter pressa para paternidade e se sentem pressionados pelas mulheres que têm urgência em serem mães.
"Parece que depois dos 30 anos as mulheres andam meio neuróticas com essa idéia de filho. Minhas duas últimas namoradas só falavam disso. É uma chatice e esfria o namoro. Não tenho vontade de ter filhos agora e nem sei se terei um dia", diz o advogado Luiz Carlos Santanelli, 32, que trabalha em uma multinacional, faz pós-graduação e pretende se mudar para os EUA no próximo ano.
Ao seu lado em uma mesa de bar, três amigos -com duas garrafas de cerveja vazias-balançam a cabeça concordando. "A gente se sente um reprodutor. A menina te vê duas, três vezes e já está pensando em casar e ter filhos. São todas umas loucas. Tô fora", afirma o publicitário Saulo Caetano, 31.
As diferenças entre o que desejam homens e mulheres persistem entre os casados. "Meu marido não quer ter filhos, diz que ainda não está preparado, mas também não sinaliza quando isso acontecerá. Ele está em uma fase de crescimento profissional e busca por estabilidade financeira, além de querer conhecer diversos lugares no mundo. Eu quero muito ter um filho e isso gera uma angústia grande", diz a psicóloga Patrícia, 29, casada há seis.
Aline, 32, também relata um problema parecido. Casada há quatro anos, ela explica que a questão filhos é hoje o principal ponto de conflito com o marido. "Não é que ele não queira ter filhos agora, ele não quer ter filhos nunca. Estou confusa. Não quero obrigá-lo a assumir uma paternidade sem vontade, mas, ao mesmo tempo, não quero me privar de ser mãe."

Dificuldades
Para a psicóloga Luciana Leis, muitos homens que tiveram problemas no relacionamento com a figura paterna ou que assumiram precocemente o papel de pai têm dificuldades em lidar com a paternidade.
"Na maioria das vezes, idealizam um modelo de pai que teriam de ser para compensar as faltas que tiveram. Isso fica praticamente inatingível. É necessário um tempo de terapia para trabalhar essas questões, para tornar a paternidade mais possível ou para chegar à conclusão de que essa realmente não será uma escolha."
Leis diz que, quando há um impasse, o casal precisa reavaliar a relação e perceber se é possível continuar juntos sem filhos. "Muitos casais podem escolher ficar juntos em nome dos sentimentos que vivem, porém, em outros casos, o "projeto filhos" para um dos parceiros pode ser até mais forte do que o próprio relacionamento."


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