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EDUCAÇÃO
Entidades querem garantir percentual de orçamento às instituições
MEC adia envio de projeto
de autonomia das federais
MARTA AVANCINI
da Reportagem Local
O ministro da Educação, Paulo
Renato Souza, anunciou ontem
que vai adiar, por algumas semanas, o envio do projeto de autonomia das universidades federais
para o Congresso Nacional. O
projeto deveria ser remetido à
apreciação dos deputados até a
próxima sexta-feira.
Na avaliação do ministro, ainda
existe muita "desinformação e incompreensão" sobre a proposta,
segundo uma nota divulgada pelo
MEC (Ministério da Educação).
Paulo Renato afirma querer ampliar o debate e receber sugestões
para "aperfeiçoar" o projeto.
Desde que foi apresentado, há
cerca de dez dias, o projeto vem
sendo criticado pelas entidades
que representam os reitores das
instituições e os professores. A
Andes (sindicato dos professores)
chegou a montar um calendário
de atividades, que prevê greve para o mês de setembro em protesto
contra o projeto. Estão em andamento, em todo o país, assembléias para discutir o assunto.
São três as principais críticas ao
projeto do governo: a criação de
um contrato de autonomia em
que a liberação de recursos está
vinculada ao cumprimento de
metas fixadas por instituição, o
fim da isonomia salarial entre as
universidades (cada uma teria um
piso salarial e um plano de carreira próprio) e a falta de vinculação
de um percentual do orçamento
do MEC com as universidades
-a Andifes (associação dos dirigentes das federais) e a Andes defendem 75%.
O projeto do governo estabelece
o valor mínimo dos repasses em
R$ 4,01 bilhões ao ano, que pode
ser reajustado ano a ano dependendo da previsão de arrecadação
líquida da União. O MEC não
aceitou a idéia de vincular os recursos porque ela teria de ser feita
por emenda constitucional.
"Acho boa a idéia de adiar o envio do projeto ao Congresso existem vários pontos que precisam
ser mais discutidos", diz Rodolfo
Luz, presidente da Andifes. A entidade e a Andes já haviam solicitado ao MEC o adiamento do envio da proposta ao Congresso.
Na opinião dele, é fundamental
que um projeto de autonomia garanta a manutenção da atual estrutura, em que as universidades
compõem um sistema -existem
regras comuns para salário, plano
de carreira e para a distribuição
dos recursos. Além disso, ele considera fundamental a existência
de algum tipo de vinculação de
recursos de modo a garantir que
as instituições tenham recursos
para se manter e expandir.
As federais compõem o maior
sistema de ensino superior público no Brasil, atendendo a cerca de
470 mil estudantes em 39 universidades, que contam com 42 mil
professores e 90 mil funcionários.
A posição da Andes vai no mesmo sentido. "A proposta do MEC
dá uma autonomia pela metade
porque atrela a distribuição de recursos a um contrato. Não há por
que estabelecer uma relação contratual entre órgãos públicos", diz
Osmar Marchese, secretário-geral da Andes.
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