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AMBIENTE
Medida foi tomada, por tempo indeterminado, devido a afloramento de metal tóxico em antiga área de mineração
Área com mercúrio é interditada em MG
SERGIO TORRES
DA SUCURSAL DO RIO
O governo de Minas Gerais determinou a interdição do trecho
da área rural da cidade de Descoberto (a 370 km de Belo Horizonte) onde um afloramento de mercúrio contaminou a terra e, possivelmente, os cursos d'água que
abastecem a região.
A interdição foi anunciada pelo
secretário estadual de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável, José Carlos Carvalho,
presidente do Copam (Conselho
Estadual de Política Ambiental).
Na deliberação do Copam (número 127, do dia 27 de agosto), José Carlos Carvalho reconhece a
contaminação do local por mercúrio e o risco que isso representa
à saúde humana, à flora e à fauna
da região.
A interdição do terreno de 8.000
metros quadrados é por tempo
indeterminado.
Ninguém pode entrar na área,
cercada com arame pela Prefeitura de Descoberto. Uma placa alerta as pessoas para o perigo.
O mercúrio é o metal mais tóxico do planeta. A pessoa que ingere
peixes contaminados pelo mercúrio corre o risco de contrair doenças neurológicas e renais irreversíveis. O perigo para as grávidas é
ainda maior. Se contaminadas, o
feto pode ter má-formação.
O afloramento de mercúrio em
Descoberto foi revelado pela Folha na edição de 18 de agosto.
O metal, em sua forma líquida,
começou a brotar do solo em dezembro do ano passado, depois
do alargamento de uma estrada
vicinal.
A análise laboratorial de amostras da terra em torno do foco de
mercúrio revelou a contaminação. O córrego que passa a 15 m
do foco também pode ter sido
atingido pelo vazamento.
O secretário de Saúde de Descoberto, Orlando Mendonça, disse
ontem que a prefeitura já interditou a área.
A família de agricultores que
mora em uma casa a 80 m do foco
não precisou ser removida.
"Abrimos um outro acesso para
que o casal e os dois filhos possam
entrar e sair de casa", afirmou o
secretário.
Como o foco fica a cerca de 10
km do centro de Descoberto, o secretário disse não ver necessidade
de manter uma vigilância permanente no local.
"Não vai ninguém lá", afirmou.
As autoridades ambientais avaliam que o mercúrio que contamina o local é resíduo da extração
de ouro ocorrida no local na segunda metade do século 19.
Caso único conhecido no mundo, o afloramento do metal está
sendo estudado por especialistas
da USP (Universidade de São
Paulo), da UFRJ (Universidade
Federal do Rio de Janeiro) e da
UFJF (Universidade Federal de
Juiz de Fora).
No último dia 27, técnicos da
Feam (Fundação Estadual de
Meio Ambiente), órgão do governo mineiro, voltaram a Descoberto para realizar novas coletas de
água e sedimentos do córrego vizinho ao foco. Os resultados, segundo a Feam, devem ser conhecidos no final deste mês.
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