São Paulo, sexta-feira, 10 de setembro de 2004

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SEGURANÇA

Segundo a CPTM, explosivos estavam prontos para serem detonados; rapaz diz que iria mandar material para a família

Jovem é detido após levar dinamite a trem

VICTOR RAMOS
DA REPORTAGEM LOCAL

Levando nove bananas de dinamite em sua mochila, um adolescente foi detido, na noite de anteontem, em uma estação de trem da CPTM (Companhia Paulista de Trens Metropolitanos), em Osasco (Grande São Paulo). Segundo seguranças da companhia, três desses explosivos estavam prontos para serem detonados.
O adolescente foi detido após desembarcar de um trem que seguia para Itapevi e tentar pegar outro, em direção à capital paulista. De acordo com os agentes da CPTM, o adolescente, de 17 anos, chamou a atenção ao atravessar, pulando, as plataformas da Estação Miguel Costa.
Detido às 20h40 pelos seguranças, que realizavam uma blitz no local, teve sua mochila revistada. Dentro dela, foram encontradas as nove bananas de dinamite.
Dessas, três estavam amarradas e possuíam dois dispositivos, um elétrico e um de pólvora que, segundo a CPTM, poderiam ser detonados a qualquer momento. Outras duas dinamites também estavam amarradas, e as quatro restantes, soltas. Essas, porém, não possuíam os dispositivos para efetuar a explosão.
A polícia investiga a origem do material e os planos do rapaz.

Depoimentos
Conduzido ao 1º DP de Osasco, o adolescente prestou depoimento, registrado no Boletim de Ocorrência, em que afirmou que fazia "bico" nas obras da calha do rio Tietê, e que, quando sobravam dinamites, ele as pegava.
A intenção era, ainda de acordo com o depoimento, entregá-las ao padrasto, e em seguida enviá-las a familiares no Norte do país.
Depois de depor, já na presença da mãe, o adolescente foi liberado, sob a condição de comparecer à Vara da Infância e da Juventude. Dependendo das conclusões do inquérito que será instaurado pela polícia, o adolescente poderá ir para a Febem.
O padrasto do rapaz, que também depôs, deu declarações diferentes para explicar a origem dos explosivos. Segundo seu depoimento, há cerca de dois anos ele trabalhava na empresa White Martins, com detonação subaquática, quando um funcionário pediu para que ele levasse as dinamites para casa. De acordo com ele, essas dinamites permaneceram lá até anteontem.
A empresa, no entanto, nega que trabalhe com explosivos e que tenha tido um funcionário com o nome do padrasto do rapaz.
Após a apreensão feita na estação de trem, a Polícia Militar se dirigiu à casa do adolescente em busca de outros explosivos. Nenhum foi encontrado.
Para a Folha, na tarde de ontem, o adolescente deu outra versão, diferente da que havia sido registrada no Boletim de Ocorrência.
O rapaz afirmou que as dinamites estavam na sua casa e eram de seu padrasto. Negou que tivesse trabalhado nas obras da calha do rio Tietê.
As dinamites foram enviadas à unidade anti-bomba do Garra (Grupo Armado de Repressão a Roubo e Assalto). De acordo com a assessoria de imprensa da Secretaria de Segurança de São Paulo, os explosivos serão periciados para que seja feito um laudo.
A empresa IBQ, que, segundo o Boletim de Ocorrência, fabrica o material explosivo, não explicou como as dinamites poderiam ser detonadas nem qual o poder de destruição delas. De acordo com um funcionário da empresa, essas informações poderiam ser dadas apenas pela polícia.


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