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REDE CORROMPIDA
Operação inclui outros 7 países; vigia começou há 6 meses
PF caçará mais de 100 internautas por pedofilia no país
ANDRÉA MICHAEL
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A Polícia Federal deflagrará em
breve uma operação na qual pretende prender mais de cem pessoas em 15 Estados brasileiros sob
a acusação de praticar pedofilia
pela internet.
A investida, que demandará o
uso de pelo menos 200 policiais, é
parte de uma operação, batizada
de Global, cujos alvos se distribuem por sete países de língua
hispânica e o Brasil -que abriga
dois terços dos investigados.
Há seis meses a Polícia Federal
vem monitorando os supostos
pedófilos. Com a quebra dos sigilos telemáticos, mediante autorização judicial, foi possível chegar
aos responsáveis pela geração de
imagens para a internet, do que
decorreu a localização do endereço físico da maioria deles.
Existem indícios de que, entre
os investigados, existam pessoas
que não só distribuíam imagens
pela internet como também as
produziam com o intuito de disseminá-las na rede mundial e ganhar dinheiro com isso. Os filmes
que circulam pela rede trazem
crianças em cenas de estupro e de
sexo com animais.
"Está tudo praticamente pronto. Os alvos foram localizados e
estão sendo monitorados", afirma o perito criminal Paulo Quintiliano, chefe do Serviço de Perícias Criminais em Informática da
PF, um dos coordenadores da
operação no Brasil.
A PF também investiga imagens
produzidas por estrangeiros que,
em visita ao Brasil, fotografaram
meninas que fazem parte da rede
de exploração de menores mantida pelo turismo sexual. Segundo a
PF, as fotos foram expostas em salas fechadas dos sites de bate-papo e em outros cujo acesso é facultado mediante senha.
A Global é a mais avançada de
um conjunto de três operações de
repressão à pedofilia nas quais o
Brasil atua hoje em cooperação
com outros países.
Na operação Peer Less, a PF está
dando suporte às autoridades
americanas, que investigam 64 alvos. Na Orion, a colaboração se
estende às polícias de 16 países.
Conferência internacional
A pedofilia pela internet será
um dos principais temas em debate durante a 1ª Conferência Internacional de Perícias em Crimes
Cibernéticos, que acontece de 13 a
16 de setembro, em Brasília.
Primeiro evento do gênero no
mundo, a conferência, segundo o
perito criminal Quintiliano, trará
subsídios para o Brasil na formatação, em curso no Congresso Nacional, da legislação relacionada a
crimes pela internet.
Hoje não há lei específica para
esse tipo de prática no Brasil. Para
efeito de punição, os delitos praticados são enquadrados no Estatuto da Criança e do Adolescente
(no caso de pedofilia, por exemplo), em crimes previstos no Código Penal (como estelionato) e
nas normas referentes ao acesso
ilegal a dados reservados por sigilo (capturar e-mails de terceiros,
por exemplo).
O Brasil, com 171 milhões de habitantes, é o segundo maior país
do mundo em número de hackers. Só perde para a China, cuja
população está na casa de 1,2 bilhão de pessoas.
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