São Paulo, segunda-feira, 10 de setembro de 2007

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Chacina em festa deixa 5 mortos em BH

Segundo a polícia, crime foi motivado por um acerto de contas entre gangues rivais; uma mulher grávida também morreu

Havia cerca de 40 pessoas no sítio onde os assassinatos ocorreram; oito homens encapuzados invadiram o local, segundo testemunhas

Eugênio Moraes/"Hoje em Dia"
Cápsulas encontradas no sítio, em BH, onde ocorreu a chacina que deixou 5 mortos e 14 feridos


RENATA BAPTISTA
DA AGÊNCIA FOLHA

Cinco pessoas morreram -entre elas uma grávida- e 14 ficaram feridas na madrugada de ontem após um acerto de contas entre gangues rivais ligadas ao tráfico de drogas, em Ribeirão das Neves (região metropolitana de Belo Horizonte), segundo a Polícia Militar.
O atentado ocorreu durante uma festa em um sítio, alugado durante o feriado.
Cerca de 40 pessoas -na maioria moradores da favela Pedreira Prado Lopes, em Belo Horizonte- estavam na festa. Segundo testemunhas, por volta de 1h30, oito homens encapuzados chegaram em dois carros e pularam o muro do sítio, atirando em seguida com armas semi-automáticas.
Vizinhos ouviram tiros e acionaram a Polícia Militar, que encontrou no local 54 cartuchos deflagrados e um carregador de pistola 9mm com oito cartuchos intactos.
Duas pessoas morreram no local -Leonardo José Gonçalves de Souza, 27, atingido por 11 tiros, e Rummennig Alves Reis, 19, que levou quatro tiros.
Outras três vítimas -Priscila Catarina Oliveira, 25, grávida de dois meses, Roger da Silva Dias, 19, e Janaina de Oliveira, 25- morreram após serem encaminhadas para o hospital.
Até ontem à noite, dois feridos estavam internados em estado grave -entre eles uma menina de 13 anos baleada na cabeça, que estava em coma.
O governo do Estado afirmou que um suspeito de participar da chacina foi preso ontem, e outros quatro estavam sendo procurados.

Gangues rivais
A PM diz acreditar que os crimes tenham ligação com outra chacina, ocorrida na noite do dia 1º, na Pedreira Prado Lopes. Na ocasião, quatro pessoas -entre elas dois adolescentes- foram mortas e um garoto de 13 anos foi ferido.
Os dois grupos rivais -da rua Carmo do Rio Claro e da rua Marcazita- disputam pontos-de-venda de drogas na favela, um dos principais locais de venda de crack na capital mineira. Com cerca de 12 mil moradores em 142 mil m2, a Pedreira Prado Lopes é uma das seis áreas mais violentas de Belo Horizonte.
"As pessoas que estavam no local [sítio] acham que a festa foi um tipo de armadilha para tirá-las da favela, pois o efetivo policial na região aumentou depois do que ocorreu", disse o comandante da PM tenente-coronel Silas de Souza.
"Há tempos que existe essa rivalidade entre dois grupos na Pedreira por causa do tráfico", disse o chefe da Divisão de Homicídios da Polícia Civil, Wagner Pinto.
Em 1999, quatro pessoas morreram na Pedreira Prado Lopes em confrontos entre grupos rivais. O número dobrou em 2000 e o conflito voltou a crescer em 2003, com 19 mortes ligadas à "guerra" do tráfico na favela, que continua.


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