São Paulo, segunda-feira, 10 de setembro de 2007

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Em greve há 40 dias, policiais civis de Alagoas suspendem registro de flagrante

FÁBIO GUIBU
DA AGÊNCIA FOLHA, EM MACEIÓ

Os policiais civis de Alagoas, em greve há 40 dias por melhores salários e condições de trabalho, decidiram intensificar o movimento e suspenderam, no final de semana, o registro de flagrantes nas delegacias.
A medida foi tomada em protesto contra a decisão do governador do Estado, Teotonio Vilela Filho (PSDB), de interromper as negociações e punir os organizadores da invasão que levou à interrupção do desfile de Sete de Setembro.
Os policiais decidiram também entregar ao comando da corporação os carros da polícia usados nas delegacias e interromper, a partir de hoje, os trabalhos no Instituto de Identificação do Estado, onde são expedidos, em média, 150 documentos de identidade por dia.
"Não vamos recuar um centímetro das nossas reivindicações", disse o diretor do Sindicato dos Policiais Civis de Alagoas José Carlos Fernandes. "Cada retaliação anunciada pelo governo nos fortalece mais."
Faixas anunciando a greve foram fixadas nas portas das delegacias. Os grevistas comparecem aos locais, mas não trabalham. Na Delegacia de Plantão 1, em Maceió, visitada anteontem pela Folha, quem tentou registrar ocorrência foi orientado a voltar após a greve.
Policiais civis reclamam que, em vez de investigar crimes, atuam como carcereiros, cuidando de presos em cárceres improvisados. No 4º Distrito Policial de Maceió, 23 presos dividiam no sábado três celas de oito m2 cada uma, sem água e energia elétrica. Outros quatro ficavam no corredor de acesso às celas.
Nas ruas, a população critica a falta de atendimento e a insegurança no Estado. O ambulante José Manoel de Souza, 37, que teve um celular furtado há dez dias, disse que nem tentou registrar ocorrência porque sabia que não seria atendido. "Meu prejuízo seria maior se eu fosse à delegacia."
O diretor-adjunto da Polícia Civil, Cícero Lima, disse que os grevistas "estão passando do limite". Afirmou que os policiais "têm direito à greve, mas não podem cometer crimes". Ele se referia à manifestação realizada na última quinta-feira, quando grevistas fizeram fogo em frente a um dos portões de entrada da sede do governo.
Os grevistas reivindicam equiparação salarial dos policiais com nível superior com os peritos. Atualmente, o piso dos policiais civis é de R$ 1.330 e o dos peritos, R$ 3.047.


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