São Paulo, quarta-feira, 10 de setembro de 2008

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JACONDA MARTINA PRÍNCIPE MENDUNI (1916-2008)

A formiguinha e o teorema de Pitágoras

ESTÊVÃO BERTONI
DA REPORTAGEM LOCAL

Há dois meses, dona Jaconda recebeu em casa a visita de um médico. Ele queria saber se a paciente estava lúcida aos 92 anos de idade.
Ao ser informado de que se tratava de uma professora de matemática, propôs fazer a ela questões que exigissem cálculos simples. Jaconda, cega desde meados dos anos 90 devido a uma degeneração da retina, fez cara feia.
Quando iniciava o teste, o médico foi interrompido. "Antes de começarmos, gostaria que o senhor me dissesse qual a fórmula da equação do segundo grau", disse a senhora. O médico se desculpou: não sabia responder.
Dona Jaconda aceitou a "brincadeira". Ao final das perguntas, após ter acertado todas, não se conteve. "O senhor pode me dizer pelo menos o teorema de Pitágoras?"
Da visita, o médico concluiu que 1) Havia esquecido o que aprendera na escola; 2) Jaconda estava bem lúcida.
Nascida em Rio Claro (SP), era filha de uma dona-de-casa e de um sapateiro, imigrante italiano. Veio a São Paulo com pouco mais de um ano. Na década de 30, formou-se professora.
Em 1932, durante a Revolução Constitucionalista, costurou as roupas dos soldados. Em 1949, casou-se com um comerciante, teve três filhas (todas professoras) e, em 1972, ficou viúva. Magrinha, andava tão rápido pelas ruas que foi apelidada de "formiguinha atômica".
Tinha mal de Parkinson. Morreu no sábado, na capital de SP, aos 92, de infarto.

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