São Paulo, sexta-feira, 10 de setembro de 2010

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Perícia do IML afirma que corte em cesariana não matou bebê

Criança foi atingida por bisturi, mas corte não danificou órgãos, diz documento do instituto

IML diz que o problema foi o pulmão ainda não estar maduro; mãe tem 14 anos e estava grávida havia seis meses

DE SÃO PAULO

Laudo do IML afirma que o bebê prematuro que sofreu um corte de bisturi durante o parto, em 29 de agosto, no hospital municipal do Campo Limpo (zona sul), morreu por causas naturais.
Segundo o documento, ao qual a reportagem teve acesso, a morte ocorreu devido a hipóxia perinatal "decorrente de prematuridade fetal".
Ou seja: o pulmão do bebê, que não estava totalmente formado, teve dificuldade de levar oxigênio para o sangue.
O laudo afirma que o bebê aparentava ter nascido com seis meses e 21 dias de gestação. A mãe é uma estudante de 14 anos e o pai tem 22.
O documento confirma ainda a presença de um corte de 2,1 cm no corpo da criança, que atingiu da pele ao plano muscular, sem comprometer órgãos internos.
No boletim de ocorrência feito após a morte do bebê, o médico responsável pelo parto afirmara que houve complicações e que o corte foi resultado da incisão feita na barriga da mãe durante a cesariana.
Segundo a direção do hospital, o obstetra André Luiz Veloso é experiente -formado há 27 anos, trabalha há 20 na rede municipal.
Veloso estava acompanhado da médica residente Indira Vieira Torres.

LEVE OU PROFUNDO
Após a morte do bebê, a polícia afirmou que o corte era profundo e disse suspeitar de uma tentativa de encobrir o caso.
O policial que atendeu o caso dissera que o hospital não deixou que ele e a família tivessem acesso ao corpo.
A polícia afirmou que a guia de encaminhamento de cadáver não direcionava o corpo ao IML, como deve ocorrer em mortes com sinais de violência.
Os investigadores disseram na época que a informação sobre o tempo de gestação havia sido rasurado no documento.
Na guia, a gravidez era de 31 semanas. Na via de entrada no hospital, 26. O objetivo, disse a polícia, era mostrar que, sendo mais velho, o bebê não morreria pelo corte.
Especialistas ouvidos pela reportagem disseram que a tese fazia pouco sentido porque, na prática, isso não faria grande diferença.
O delegado responsável pelo caso afirmou que só se pronunciará hoje.
Segundo Eduardo Cordioli, presidente do departamento de urgências em obstetrícia da Febrasgo (Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia), cortes em bebês durante o parto ocorrem em 1% das cesarianas.
Ele diz ainda que um corte superficial como o descrito pelo IML não teria matado a criança no parto.


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