|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros
Perícia do IML afirma que corte em cesariana não matou bebê
Criança foi atingida por bisturi, mas corte não danificou órgãos, diz documento do instituto
IML diz que o problema foi o pulmão ainda não estar maduro; mãe tem 14 anos e estava grávida havia seis meses
DE SÃO PAULO
Laudo do IML afirma que o
bebê prematuro que sofreu
um corte de bisturi durante o
parto, em 29 de agosto, no
hospital municipal do Campo Limpo (zona sul), morreu
por causas naturais.
Segundo o documento, ao
qual a reportagem teve acesso, a morte ocorreu devido a
hipóxia perinatal "decorrente de prematuridade fetal".
Ou seja: o pulmão do bebê,
que não estava totalmente
formado, teve dificuldade de
levar oxigênio para o sangue.
O laudo afirma que o bebê
aparentava ter nascido com
seis meses e 21 dias de gestação. A mãe é uma estudante
de 14 anos e o pai tem 22.
O documento confirma
ainda a presença de um corte
de 2,1 cm no corpo da criança, que atingiu da pele ao
plano muscular, sem comprometer órgãos internos.
No boletim de ocorrência
feito após a morte do bebê, o
médico responsável pelo
parto afirmara que houve
complicações e que o corte
foi resultado da incisão feita
na barriga da mãe durante a
cesariana.
Segundo a direção do hospital, o obstetra André Luiz
Veloso é experiente -formado há 27 anos, trabalha há 20
na rede municipal.
Veloso estava acompanhado da médica residente
Indira Vieira Torres.
LEVE OU PROFUNDO
Após a morte do bebê, a
polícia afirmou que o corte
era profundo e disse suspeitar de uma tentativa de encobrir o caso.
O policial que atendeu o
caso dissera que o hospital
não deixou que ele e a família
tivessem acesso ao corpo.
A polícia afirmou que a
guia de encaminhamento de
cadáver não direcionava o
corpo ao IML, como deve
ocorrer em mortes com sinais
de violência.
Os investigadores disseram na época que a informação sobre o tempo de gestação havia sido rasurado no
documento.
Na guia, a gravidez era de
31 semanas. Na via de entrada no hospital, 26. O objetivo, disse a polícia, era mostrar que, sendo mais velho, o
bebê não morreria pelo corte.
Especialistas ouvidos pela
reportagem disseram que a
tese fazia pouco sentido porque, na prática, isso não faria
grande diferença.
O delegado responsável
pelo caso afirmou que só se
pronunciará hoje.
Segundo Eduardo Cordioli, presidente do departamento de urgências em obstetrícia da Febrasgo (Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia), cortes em bebês durante o parto ocorrem em 1%
das cesarianas.
Ele diz ainda que um corte
superficial como o descrito
pelo IML não teria matado a
criança no parto.
Texto Anterior: Universidade: Unicamp cria curso superior de 2 anos para a rede pública Próximo Texto: Memória: Polícia foi ao hospital após discussão Índice | Comunicar Erros
|