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ENSINO MÉDIO
MEC sugeriu a FHC a derrubada da proposta
Presidente veta projeto que impõe aulas de filosofia e de sociologia
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O presidente Fernando Henrique Cardoso vetou integralmente
projeto de lei aprovado pela Câmara e pelo Senado que tornava
obrigatórias aulas de filosofia e de
sociologia no ensino médio. O
texto foi considerado contrário ao
interesse público.
FHC, que é sociólogo, acolheu
os argumentos do Ministério da
Educação ao vetar o projeto de
autoria do deputado Padre Roque
(PT-PR), que alterava o artigo 36
da LDB (Lei de Diretrizes e Bases
da Educação Nacional).
O veto pode ser derrubado pelo
Congresso, por maioria absoluta
e em votação secreta, mas isso raramente ocorre.
Consultado pela Presidência da
República, o MEC argumentou,
por meio de exposição de motivos
-documento interno do governo-, que, de acordo com a Constituição, os Estados atuarão prioritariamente no ensino fundamental e médio.
"Assim, o projeto de inclusão da
filosofia e da sociologia como disciplinas obrigatórias no currículo
do ensino médio implicará ônus
para os Estados, pressupondo a
necessidade da criação de cargos
para a contratação de professores
de tais disciplinas, com o agravante de que não há no país formação suficiente de tais profissionais para atender à demanda",
afirma o Ministério da Educação.
Ao recomendar o veto, o MEC
cita ainda os advogados Celso
Bastos e Ives Gandra Martins, nos
"Comentários à Constituição do
Brasil", segundo os quais as diferenças regionais devem ser levadas em conta na fixação do conteúdo mínimo do currículo.
"O conteúdo mínimo tem como
finalidade manter a unidade dos
currículos em todo o país e, ao
mesmo tempo, manter uma parte
diversificada, capaz de atender às
peculiaridades e características de
cada região, aos planos das escolas e às diferenças individuais
existentes e necessárias dos educandos", diz o documento.
Retrocesso
O ministro da Educação, Paulo
Renato Souza, considerou o projeto uma "volta ao passado". Para
o ministro, a proposta representava um retrocesso no perfil curricular do ensino médio, que valoriza a interdisciplinaridade no lugar do ensino de disciplinas de
forma estanque.
De acordo com Rui Berger, secretário de Ensino Médio do
MEC, o ministério não é contra o
ensino de filosofia e sociologia,
mas sim do ensino dessas matérias em disciplinas específicas.
Ele lembra que o próprio Enem
(Exame Nacional do Ensino Médio) traz questões das duas matérias nas provas.
Na opinião de Berger, esses temas devem ser tratados por meio
de projetos interdisciplinares, como já está previsto na LDB.
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