São Paulo, quarta-feira, 10 de outubro de 2007

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No Rio, crianças se prostituem por R$ 2

Secretaria de Assistência Social contabiliza que ao menos 223 crianças e adolescentes são "agenciados" por quadrilhas

Vítimas têm de 10 a 17 anos; dependendo da localização do ponto, o programa custa R$ 2, mas o "agenciador" repassa somente R$ 0,50

MÁRCIA BRASIL
DA SUCURSAL DO RIO

Ao menos 223 crianças e adolescentes cariocas são explorados sexualmente por quadrilhas especializadas em 30 pontos da cidade, segundo mapeamento da Secretaria Municipal de Assistência Social do Rio.
As vítimas têm entre 10 e 17 anos e se prostituem em 15 bairros das zonas norte e sul do Rio. A exploração sexual atinge jovens dos sexos feminino e masculino, incluindo travestis. O mapeamento também indica os dias e os horários em que se prostituem. A maior parte é explorada à noite, no centro e na zona norte.
"Pela localização, não envolve turismo sexual, e, sim, pedofilia. Os horários alternativos, como o das 12h às 18h, também apontam que parte dessas crianças pode estar sendo explorada depois do horário escolar", afirmou o secretário municipal de Assistência Social, Marcelo Garcia.
De acordo com ele, os dados serão usados para combater esse tipo de crime na cidade.
"Vamos promover mais ações em conjunto com a Polícia Civil e o Ministério Público para prender esses exploradores e encaminhar os menores para os centros municipais de Combate ao Abuso e Exploração Sexual, onde eles podem receber assistência médica e orientação", afirmou.
Há seis dias, uma operação da Delegacia da Criança e do Adolescente Vítima, da Secretaria Municipal de Assistência Social e do Ministério Público, em Campo Grande (zona oeste), prendeu três integrantes de uma quadrilha que explorava crianças e jovens. Seis meninas que se prostituíam no local foram para o Centro Municipal de Combate ao Abuso e Exploração Sexual Padre Guilherme Decaminada, em Santa Cruz (zona oeste).
Ainda de acordo com a secretaria, o valor cobrado pelo programa varia de R$ 2 a R$ 30.
"A variação do preço é em razão da localização. No ponto que fica nos fundos do Ceasa-RJ, em Irajá, por exemplo, o programa custa R$ 2, mas as crianças e adolescentes exploradas recebem apenas R$ 0,50 dos "agenciadores'", afirmou o secretário municipal de Assistência Social.
Segundo ele, a equipe da secretaria descobriu que famílias de algumas crianças e adolescentes também estão envolvidas na exploração sexual.
"Estamos tentando nos aproximar dessas famílias para conversar, mas a polícia vai agir. Existem investigações em curso, mas precisamos do flagrante", disse o secretário.


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