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Promotor segurava cerveja, diz testemunha
ALESSANDRA NOGUEIRA
COLABORAÇÃO PARA A AGÊNCIA FOLHA,
EM ARAÇATUBA
JOSÉ EDUARDO RONDON
DA AGÊNCIA FOLHA
O vigilante Nestor Feliciano,
52, disse ontem, em depoimento, que o promotor Wagner
Grossi, 42, estava desorientado
e segurava uma lata de cerveja
na mão ao sair de sua picape
após ter matado três pessoas de
uma mesma família em um acidente em Araçatuba (530 km
de SP), na noite de domingo.
"O que foi que eu fiz?", perguntou Grossi ao vigilante, que
estava no acostamento da rodovia Eliezer Magalhães quando o carro do promotor colidiu
com a moto em que estavam o
casal Alessandro Santos, 27,
Alessandra Alves, 26, e o filho
dela, Adriel, 7. Os três morreram na hora.
Feliciano disse que o promotor desceu desorientado do carro e fez a pergunta a ele, que
respondeu que Grossi havia
acabado de matar duas pessoas.
O vigilante ainda não havia notado a outra vítima do acidente:
o garoto, cujo corpo havia sido
jogado para debaixo da moto.
Feliciano depôs ontem como
testemunha à Procuradoria
Geral de Justiça.
Após ver o que havia feito, diz
Feliciano, o promotor jogou a
lata de cerveja no chão e, sem
reação, ficou perto da picape.
O advogado do promotor,
Eduardo Cury, disse que seu
cliente não havia bebido. Para
ele, foi uma "fatalidade" e qualquer pessoa está sujeita a se envolver em um acidente. Grossi,
que não foi preso porque a lei
orgânica do Ministério Público
só permite prisão de integrantes do órgão em crimes inafiançáveis, foi apontado pela polícia
como o autor de três homicídios culposos (sem intenção).
Se configurado o crime, a
Procuradoria Geral de Justiça
vai oferecer denúncia. A pena
prevista é de dois a quatro anos
de reclusão, com agravamento
de um terço até metade da pena
pelo estado de embriaguez.
Ontem, o procurador Hermann Herschander, designado
para acompanhar o caso, disse
que a embriaguez do promotor,
atestada em exame clínico e
confirmada por testemunhas,
não indica uma intenção de
ocasionar as mortes das vítimas -por isso, ele não deve responder por homicídio doloso.
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