São Paulo, quarta-feira, 10 de outubro de 2007

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Promotor segurava cerveja, diz testemunha

ALESSANDRA NOGUEIRA
COLABORAÇÃO PARA A AGÊNCIA FOLHA, EM ARAÇATUBA

JOSÉ EDUARDO RONDON
DA AGÊNCIA FOLHA

O vigilante Nestor Feliciano, 52, disse ontem, em depoimento, que o promotor Wagner Grossi, 42, estava desorientado e segurava uma lata de cerveja na mão ao sair de sua picape após ter matado três pessoas de uma mesma família em um acidente em Araçatuba (530 km de SP), na noite de domingo.
"O que foi que eu fiz?", perguntou Grossi ao vigilante, que estava no acostamento da rodovia Eliezer Magalhães quando o carro do promotor colidiu com a moto em que estavam o casal Alessandro Santos, 27, Alessandra Alves, 26, e o filho dela, Adriel, 7. Os três morreram na hora.
Feliciano disse que o promotor desceu desorientado do carro e fez a pergunta a ele, que respondeu que Grossi havia acabado de matar duas pessoas. O vigilante ainda não havia notado a outra vítima do acidente: o garoto, cujo corpo havia sido jogado para debaixo da moto. Feliciano depôs ontem como testemunha à Procuradoria Geral de Justiça.
Após ver o que havia feito, diz Feliciano, o promotor jogou a lata de cerveja no chão e, sem reação, ficou perto da picape.
O advogado do promotor, Eduardo Cury, disse que seu cliente não havia bebido. Para ele, foi uma "fatalidade" e qualquer pessoa está sujeita a se envolver em um acidente. Grossi, que não foi preso porque a lei orgânica do Ministério Público só permite prisão de integrantes do órgão em crimes inafiançáveis, foi apontado pela polícia como o autor de três homicídios culposos (sem intenção).
Se configurado o crime, a Procuradoria Geral de Justiça vai oferecer denúncia. A pena prevista é de dois a quatro anos de reclusão, com agravamento de um terço até metade da pena pelo estado de embriaguez.
Ontem, o procurador Hermann Herschander, designado para acompanhar o caso, disse que a embriaguez do promotor, atestada em exame clínico e confirmada por testemunhas, não indica uma intenção de ocasionar as mortes das vítimas -por isso, ele não deve responder por homicídio doloso.


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