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Governo limita tratamento de hepatite na rede pública
Pela nova regra, a fibrose deve ter nível acima de 2
ANGELA PINHO
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O Ministério da Saúde publicou ontem no "Diário Oficial"
da União uma resolução que
restringe a abrangência do tratamento para a hepatite C crônica na rede pública.
Pela nova regra, terão direito
a tratamento pacientes com fibrose a partir do nível dois, em
uma escala de degeneração do
fígado de um a cinco, sendo cinco a mais grave. A resolução de
2002, que estava em vigor antes, previa que teriam acesso a
tratamento pacientes com fibrose a partir do grau um.
No entanto a restrição não
vale para as pessoas que, além
de hepatite C, são portadoras
do vírus HIV. "O governo quer
esperar as pessoas piorarem
para dar tratamento", disse
Carlos Varaldo, coordenador
do Grupo Otimismo de Apoio
ao Portador de Hepatite, que
reúne portadores da doença.
Ele disse ver motivos econômicos na decisão.
A coordenadora do Programa Nacional de Hepatites Virais do Ministério da Saúde,
Gerusa Figueiredo, negou. Segundo ela, a restrição, que já seria feita na Europa e nos EUA, é
motivada pela quantidade de
efeitos colaterais dos medicamentos e pelo índice de eficácia
deles ser menor do que 80%.
Ela afirma que, como há novas drogas sendo testadas, pessoas com grau um poderiam
utilizá-las dentro de três anos
com menos efeitos colaterais.
De acordo com a coordenadora,
havia um erro de redação na regra de 2002. O texto mencionava que teriam direito a tratamento pessoas com grau de fibrose de moderada a grave, o
que, segundo ela, corresponde
à faixa do grau dois em diante.
Para Juvêncio Furtado, da
diretoria da Sociedade Brasileira de Infectologia, a passagem
do grau um para o grau dois leva, em média, cinco anos. Por
isso, ele diz que há casos em que
é melhor adiar os efeitos colaterais. Mas ressalta: "Aos 60,
65, talvez seja melhor tratar,
pois pode ser a única chance".
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